“A Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres é o olhar sensibilizado do PCdoB para as causas das
mulheres”. Com essa frase Marilza Campos resumi a importância da
Pasta ao partido em Jundiaí.
A frente da Coordenadoria
há dois anos, Marilza relata os muitos avanços e os desafios em
implantar um modelo novo na cidade, até então as Coordenadorias
não existiam no município.
Em sua sala há muitos
panfletos sobre a Lei Maria da Penha que evidencia o foco dos
trabalhos. Segundo ela, a divulgação da Lei pela Coordenadoria tem
ajudado muitas mulheres a denunciar os maus tratos, o número de
denúncias cresceu na cidade, de acordo com a Delegacia da Mulher.
“Trabalhamos a questão da violência contra a mulher e
incentivamos as denúncias, e ao mesmo tempo, mostramos para essa
mulher o leque de opções para ajudá-la seja cursos, oficinas,
debates”, relata ela.
O empoderamento da mulher
é evidenciado por Marilza, em seus muitos debates e reuniões,
procura evidenciar o papel da mulher em muitas frentes como na
política, direitos humanos, saúde. Ela ressalta com entusiasmo o
crescimento e engajamento de muitos grupos feministas na cidade.
“As mulheres estão
ocupando espaços na cidade em várias áreas e isso é muito
importante na nossa luta”, afirma.
Confira
abaixo a entrevista com a Coordenadora de Políticas Públicas para
as Mulheres Marilza Campos:
Como
foi receber o convite de ser Coordenadora e por que resolveu aceitar
esse desafio?
Marilza:
Fiquei muito lisonjeada com o convite, o PCdoB é um partido muito
aguerrido nessa questão da defesa dos direitos das mulheres, quando
recebei o convite percebi que poderia contribuir com o governo e com
o partido nessa questão, aceitei esse grande desafio.
Quais
foram os principais desafios?
Marilza:
A questão da novidade, as pessoas não sabiam de início o que era
uma coordenadoria, era algo novo em Jundiaí. Desde o início começou
um trabalho de apresentar o trabalho e objetivos da Coordenadoria.
Nesse
tempo muitas pessoas conheceram a Coordenadoria e hoje são nossos
parceiros nas ações, porém tem mulheres ainda que não conhecem o
nosso trabalho e precisamos chegar até elas, apresentar nossos
objetivos e empoderar essas mulheres.
Outro
grande desafio é que a Coordenadoria da Mulher de Jundiaí é a
única coordenadoria da região, então nosso trabalho é único não
temos, como em grandes regiões, vários órgãos sobre os direitos
das mulheres, então vamos construindo aos poucos com a ajuda de
todos.
Quais
os principais avanços que você enumera?
Marilza:
Destaco duas frentes, continua sendo um desafio mas tivemos
importantes avanços. O
Outubro Rosa, campanha da Secretaria de Saúde de conscientização
das mulheres sobre o exame de câncer de mama, a campanha começou
por iniciativa de duas assistentes sociais e hoje é uma das
campanhas mais bem sucedidas da Prefeitura, tivemos recordes de
exames na última campanha.
A
Coordenadoria da Mulher e o Fundo Social de Solidariedade abraçaram
a causa, assim como as demais secretarias e até a iniciativa
privada, tem sido muito gratificante esse trabalho.
Outra
frente de tanta importância é o enfrentamento a violência. A
Coordenadoria trabalha na divulgação dos direitos das mulheres, na
divulgação da Lei Maria da Penha, promovendo reuniões de
conscientização, a lei precisa ser divulgada pois muitas mulheres
não conhecem seus direitos.
Após
a criação da Coordenadoria da Mulher e de toda essa divulgação,
segundo a Delegacia da Mulher aumentou o número de denúncias, as
mulheres estão encorajadas a denunciar, agora o desafio é que a
Delegacia da Mulher do Estado consiga absorver essa grande demanda.
Embora
o número de denúncias tenha aumentado isso não significa que a
violência contra a mulher aumentou, as mulheres se encorajaram para
fazer a denúncia.
A
Coordenadoria promove palestras e encontros, esses dias você
foi na Faculdade Anhanguera falar da violência contra a mulher. Como
tem sido a experiência e qual a importância do aumento
dessas discussões?
Marilza:
A Coordenadoria tem como objetivo a prevenção, claro damos o
suporte necessário em casos de violência contra a mulher, mas nosso
foco é a prevenção é divulgar a Lei Maria da Penha, divulgar
outras ações para o empoderamento das mulheres. Essa meta está
sendo cumprida estamos indo às escolas estaduais, faculdades falar
sobre essas questões e a recepção tem sido extraordinária. As
mulheres querem conhecer seus direitos e exercê-los.
Você
tem participado de reuniões nos bairros, acredito que a Coordenadoria
tem conseguido diálogo com a dona de casa que muitas vezes não
conhece seus direitos, como é possível empoderar essas mulheres
para conseguirem trabalhar, estudar, enfim conseguir ter força para
enfrentar muitas vezes o marido e a sociedade?
Marilza:
Nos bairros conseguimos grandes parcerias como os Centros de
Referência da Assistência Social (Cras) nos quatro territórios
Jardim São Camilo, Santa Gertrudes, Jardim Novo Horizonte e Jardim
Santa Gertrudes, promovemos encontros com as mulheres do local, rodas
de conversas onde a mulher se sente à vontade para dizer sobre o
cotidiano.
Infelizmente
a violência contra a mulher é o ponto inicial dessas reuniões,
histórias contadas pelas participantes, mas com o decorrer dos
encontros falamos sobre outros temas como os cursos oferecidos no
Cras, as atividades oferecidas, os cursos profissionalizantes, os
atendimentos, a possibilidade de voltar a estudar, mostramos para
mulher as várias possibilidades que ela pode usufruir, isso é
empoderar a mulher.
Nosso
foco é o trabalho em grupo mas também atendemos casos individuais,
a Coordenadoria é aberta a todas as mulheres seja por e-mail,
telefone ou pessoalmente, já fiz vários atendimentos. Já atendi
mulheres de todas as classes sociais, inclusive da classe média alta
onde muitos nem imaginam que exista a violência, mas infelizmente
isso é uma realidade, por isso a Coordenadoria está a disposição
de todas mulheres.
Percebemos
o aumento de grupos feministas na cidade como Quem Calou Petronilha, entre outros, como você avalia isso? A Coordenadoria tem relação com
esses grupos?
Marilza:
Sim os grupos cresceram muito em Jundiaí e elas sabem que tem o
respaldo de um governo que criou a Coordenadoria da Mulher e
trabalhamos em parceria a todo o momento.
É
muito importante termos mulheres em várias frentes da igualdade
racial, política, questão LGBT, temos que estar em todos os
lugares, ter voz e lutar pelos nossos direitos.
O
próprio Conselho da Mulher está mais representativo hoje e tem esse
viés empoderar as mulheres para fazer essas lutas. A Coordenadoria
da Mulher que preside o Conselho e nessa gestão conseguimos
fortalecer o Conselho, hoje temos uma agenda fixa de reuniões, tudo
isso atraiu mais mulheres e tem surtido um efeito muito positivo.
Vocês
promoveram uma grande Conferência da Mulher no ano passado, acredito
que isso se deve ao fortalecimento do Conselho da Mulher e dos grupos
feministas na cidade?
Marilza:
Sem dúvidas, realizamos a Conferência em parceria com o Conselho da
Mulher e foi um marco em Jundiaí. Tínhamos o desafio de reunir além
das mulheres da cidade também representantes da região e obtemos
muito êxito.
A
Conferência da Mulher foi bem representativa, vários coletivos
participaram e os debates foram muito qualificados.
A
nossa delegação eleita em Jundiaí para nos representar na
Conferência Estadual Nacional da Mulher, mostra bem essa pluralidade
de coletivos na cidade, temos mulheres representantes do parto
humanizado, mulheres do movimento mulheres negras de Jundiaí,
representantes da União Brasileira das Mulheres, representantes do
Coletivo Quem Calou Petronilha, representantes do poder público, no
caso da Coordenadoria da Mulher e representantes dos movimentos LGBT.
Tivemos
esse cuidado para garantir a participação de todos os coletivos, o
intuito é que cada representante multiplique todo o conhecimento
adquirido nas Conferências com o seu coletivo, e isso fortalecerá
todos os movimentos da cidade.
Você
é uma dirigente do PCdoB, um partido que possui forte atuação nos
movimentos feministas, como tem sido poder estar a frente de uma
coordenadoria tão importante para o partido?
Marilza:
Me sinto muito lisonjeada de estar a frente de um Pasta tão
importante como esta para o PCdoB, foi um grande avanço para o
partido ter conquistado a prefeitura em 2012 e ter desenvolvido
trabalhos tão fundamentais nas Secretarias e Coordenadorias.
Para
mim é importante ter a confiança do partido para priorizar a defesa
dos direitos das mulheres, uma grande experiência tanta profissional
como pessoal.
As
Coordenadorias têm o papel de construir políticas públicas, como o
seu conhecimento político tem te ajudado nessa questão na
Coordenadoria?
Marilza:
Apontar as políticas públicas é o trabalho das Coordenadorias, o
prefeito e os secretários não podem estar o tempo todo em todos os
lugares, então eles contam com as coordenadorias para trazer esse
trabalho de ouvir a comunidade e elaborar as políticas públicas..
E
ir a campo não é fácil, você lida com os anseios da comunidade e
é necessário ter respostas e construir uma relação de confiança,
o que me ajuda é a experiência que adquiri no PCdoB. O partido tem
uma forte atuação em defesa dos direitos das mulheres, então para
o nosso trabalho na Coordenadoria é essencial contar
com esse respaldo do PCdoB.
Como
você avalia o PCdoB no governo?
Marilza:
O partido tem tendo muitos elogios por sua atuação e de pessoas que
não são do nosso convívio, munícipes que agradecem os
atendimentos e os serviços das Pastas coordenadas pelo partido.
Somos
muito unidos e trabalhamos em conjunto, vibramos com as conquistas de
cada Pasta, por exemplo é empolgante ver a determinação dos
jovens da Coordenadoria de Juventude e a sensibilidade na condução
da Coordenadoria dos Direitos das Pessoa com Deficiência tanto do
Reinaldo como do Júnior.
O
PCdoB realizou um excelente trabalho nessa primeira gestão, agora é
continuar a avançar.
Texto e fotos: Eliane Silva Pinto