segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Militantes do PCdoB prestigiam a entrega da placa em homenagem ao Clube Beneficente Cultural, Recreativo Jundiaiense 28 de Setembro



Ato marcou o reconhecimento por parte do executivo do registro do clube como patrimônio imaterial

Na noite desta sexta-feira (26), Jundiaí ganhou uma página importante em sua história, pois foi quando o poder público prestou homenagem ao Clube Beneficente Cultural, Recreativo Jundiaiense 28 de Setembro, entidade com 120 anos de existência, fundada em 1895 por negros recém libertos da escravatura.
Trata-se do clube social negro mais antigo em atividade do Estado de São Paulo e um dos mais antigos do Brasil. “Para mim é uma noite emocionante, estamos aqui reconhecendo a abnegação de negras e negros que lutaram contra o cerceamento da liberdade, mesmo após a libertação, pois não podiam frequentar os clubes brancos e se organizaram e fundaram este belo clube”, discursou o secretário de cultura, Tércio Marinho.

A trajetória dos clubes sociais negros no Brasil começou a ser trabalhada de maneira mais robusta, em nível federal, a partir da década passada. “A luta contra o racismo e qualquer tipo de preconceito não acabou e a importância do Clube 28 de Setembro é gigantesca neste sentido, pois é a prova que a comunidade negra local faz resistência há muito tempo”, completou.

Segundo o diretor jurídico do Clube 28 de Setembro, Dr. Eginaldo Honório, o registro consagra o clube enquanto santuário da resistência negra. “O registro no livro de lugares marca a importância desta entidade, pois aqui as paredes falam, o chão registra os paços de homens e mulheres que construíram este clube para favorecer os negros e negras recém libertos”, afirma. 



Política de Preservação do Patrimônio Cultural 

Foi no atual governo que a Secretaria de Cultura, na gestão de Tércio Marinho, na qual a Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC) foi regulamentado em 2013 e, assim, iniciou uma nova tratativa na política de preservação do patrimônio cultural de Jundiaí, na qual o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC) foi fortalecido e pesquisas na área começaram acontecer.

Quem assumiu a Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural, foi o historiador Donizetti Aparecido Pinto, com grande experiência na área. “Aceitei o convite e há dois anos estamos fazendo um trabalho cujo o principal mote é o perfil participativo, pois acreditamos que só histórico aquilo que o povo vê valor”, observa. 

A presidente do COMPAC, a professora Maria Angélica Rabelo, também participou da solenidade. 

Para Tércio, a cidade respira novos ares neste tema. “O trabalho realizado até aqui vem recebendo reconhecimento no mundo acadêmico local e de fora de Jundiaí, pois temos aberto espaço para a discussão em eventos, como o Simpósio sobre Patrimônio Material e Imaterial, palestras e outros, nos quais os pesquisadores contribuem com o acúmulo que têm no assunto”, opina.

 Patrimônio Imaterial

A tratativa com os bens imateriais iniciou após a sanção do PLC 569/2015, de autoria do vereador Rafael Purgato (PCdoB), e em 19 de janeiro de 2016 o COMPAC aprovou o registro do Clube 28 de Setembro acatando o parecer da Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural.

De acordo com o vereador, foi a resposta de uma demanda. “Jundiaí precisava se atualizar nesse sentido e procuramos adequar a prática municipal ao que é feito em nível nacional e fizemos uma pesquisa que procurou ver o que era mais adequado à cidade”, explica.

Os bens imateriais são tratados em nível federal há pouco tempo. “Procuramos atualizar a política municipal com o que é discutido nacionalmente, o próximo passo é pensar as ações de salvaguarda que o município irá oferecer, pois cada bem registrado merece um plano de salvaguarda específico”, finaliza o secretário Tércio Marinho.  

Foto: Prefeitura Municipal de Jundiaí

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