Ministro Orlando Silva se defende das calúnias |
No depoimento de quase quatro horas, os comunistas não economizaram aplausos para as fortes declarações de Orlando Silva contra o detrator, o policial militar João Dias Ferreira, ou para congressista, até de outro partido, que saía em defesa do ministro.
Também fustigaram adversários do governo, ao ironizar, por exemplo, o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), quando este voltara do Senado, depois de reunião com João Dias, e dissera que o PM estaria precisando de “proteção policial” contra ameaças.
Muitos dos militantes também fizeram questão de acompanhar o ministro na entrevista coletiva que ele topou conceder, mesmo depois do longo depoimento.
O motivo de tamanha mobilização é o caráter partidário da acusação feita por João Dias. Se o PM atingiu a jugular de Silva, ao afirmar que o ministro comandaria esquema de corrupção no ministério, acertou também a aorta do PCdoB, apontado como destino final do dinheiro desviado.
“Já enfrentamos ditaduras e detratores como esse há 90 anos. Isso não nos intimida”, disse à Carta Maior o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, que assistiu ao depoimento.
Antes da sessão, Rabelo recebera telefonema da ministra-chefa da Casa Civil da Presidência, Gleisi Hoffmann, no qual ela se solidarizava com o PCdoB pelos ataques desferidos no partido não só por João Dias, mas também pelo noticiário.
Encarada como fomentadora de uma espécie de campanha contra o PCdoB, a imprensa foi a vítima predileta dos parlamentares comunistas, na sessão. A queixa principal repetiu Orlando Silva. Seria inaceitável dar crédito a um testemunho sem provas de alguém que já foi preso por desvio de verba do mesmo ministério que acusa e que tenta reaver o dinheiro.
“Nem tudo é publicado na imprensa, mas nós sabemos quem é ele [João Dias], porque a informação circula livremente na internet”, disse a deputada Manuela D'Ávila (RS). “Azar da mídia golpista que mexeu com o PCdoB, que não tem medo. É da história do PCdoB a luta pela verdade”, disse a deputada Perpétua Almeida (AC).
Líder do partido na Câmara, Osmar Júnior (PI) irritou-se também com adversários do governo. Reclamou que eles não acompanharam o depoimento, por estarem no Senado fazendo um acordo com o PM para ele depor na Câmara, em vez de aproveitarem que o ministro já estava ali, à disposição, para pedir esclarecimentos. “Se ele [o PM] quer palanque, que procure outro lugar”, disse.
Já a deputada Alice Portugal (BA) verbalizou com todas as letras a desconfiança de que Orlando Silva e o PCdoB estariam sendo alvejados por causa da Copa do Mundo, numa ação de bastidores da Fifa contra o jogo duro do governo. “É um tentativa de massacre para indicar [no lugar de Orlando] um ministro genuflexo”, afirmou.
Ainda não se sabe se os esforços comunistas serão suficientes para salvar o ministro. Exatamente por causa da Copa, Orlando Silva encontra-se no centro de uma área de apelo popular, o que aumenta a suscetibilidade política do governo com denúncias no setor.
Além disso, a leveza do PCdoB no Congresso (só 15 deputados e dois senadores) não parece capaz de levar a presidenta Dilma Rousseff a se arriscar a manter o auxiliar se as denúncias não estancarem.
Independentemente disso, porém, o PCdoB está com o ministro para o que der e vier. Inclusive irá explorar boa parte do programa eleitoral do partido na TV, nesta quinta-feira (20), para defender-se e ao correligionário.
“O PCdoB tem depositado inteira confiança no ministro. Ele diz que não tem nenhuma relação com esse sujeito [João Dias] e que não tem nada a temer”, disse Rabelo. “O partido tem se preocupado, dentro de suas condições, em explicar à opinião pública o que está acontecendo e vamos fazer isso na TV.”
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