quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Luis Nassif: a inapetência administrativa de Serra

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Independentemente das eleições do próximo ano, quando baixar a poeira permitindo uma avaliação serena de sua administração, o governador José Serra não entrará para a história da administração pública do estado. Pelo contrário, o balanço de três anos de gestão revela um mérito – administração financeira responsável – e uma falta de vontade de administrar poucas vezes vista no estado.

- Por Luis Nassif, no Último Segundo

Mesmo a Geraldo Alckmin – que tem lacunas como administrador – não faltava vontade de fazer, embora tivesse dificuldades evidentes para escolher o secretariado e definir políticas públicas inovadoras.

No caso de Serra, um dos fatores que pesou foi o fato de, desde o início, estar com a cabeça na futura eleição para presidente da República. Com isso, toda sua energia passou a ser canalizada para articulações e para algo inusitado para um governante com sua responsabilidade: monitorar e responder às críticas da imprensa. Certa vez, em reunião do secretariado, admitiu que chega a gastar três horas por dia lendo os jornais e articulando reações ou respostas a pontos que não lhe agradam.

Costuma dormir às quatro da manhã. De madrugada passa mensagens pelo Twitter – sistema de mensagens curtas da internet. Dormindo tarde, começa a trabalhar tarde.

Seu dia não começa antes das 11 da manhã – em geral, em compromissos fora do Palácio Bandeirantes. Praticamente não participa das reuniões do Secretariado.

Cada secretário encolheu-se em sua área, faz o seu trabalho sem que Serra tenha noção clara do que acontece no seu governo. Nas reuniões, seu único empenho consiste em cobrar a aceleração de obras, para poder entregar no decorrer de 2010.

Entra no jogo apenas em momentos de crise. Quando isso ocorre, não raras vezes emperra o processo decisório com indecisões frequentes.

Na greve da Polícia Civil, por exemplo, permitiu que o caldeirão entrasse em fervura recusando-se durante semanas a receber representantes do movimento. Só tomou uma decisão quando eclodiram conflitos em frente do Palácio Bandeirantes. Na semana seguinte, aceitou sem pestanejar todas as reivindicações dos policiais – inclusive a de reduzir o tempo de trabalho para aposentadoria de 35 para 30 anos.

Quando explodiu a crise mundial, industriais paulistas procuraram o Palácio Bandeirantes atrás de medidas que ajudassem a amenizar o desastre – especialmente em máquinas e equipamentos, setor que experimentou queda de 40% na produção.

Serra passou meses sem receber as lideranças. Aí a Abimaq (que representa os fabricantes) acertou um pacto com a CUT e a Força Sindical – que ameaçaram com uma manifestação em frente o Palácio. Só aí Serra aceitou algumas concessões tributárias ao setor, além de destinar uma verba – proveniente de recursos da venda da Nossa Caixa – para financiamento ao setor. Já era mês de março.

Se estivesse à frente do governo federal, essa demora teria sido fatal para a superação da crise.

O resultado desse desinteresse se reflete no descontentamento que grassa em seu secretariado – no qual os secretários são desestimulados a mostrar seu trabalho e Serra, por desconhecimento do que se passa, é incapaz de mostrar realizações na imprensa.

O caso Detran 1
Logo no início do seu governo, foi estimulado por alguns secretários a tirar o Detran das mãos da Polícia Civil. Alguns funcionários, egressos do governo Mário Covas, lembravam-se do drama do governador. Necessitando de fundos de campanha, foi obrigado a aceitar a sobrevivência dos esquemas do Detran. Mas quando falava do tema, chegava a chorar de raiva e de impotência.

O caso Detran 2
Com Serra entrando, o caixa de campanha fornido, foi-lhe sugerido limpar a área. Serra recusou com receio da reação da cúpula da Polícia Civil. “Até Pernambuco, de Jarbas Vasconcellos, fez essa limpeza”, contava-me um alto funcionário do secretariado de Serra. Hoje São Paulo é um dos cinco ou seis estados da Federação que ainda não conseguiu romper com os esquemas do Detran.

A gripe suína 1
A dificuldade em gerenciar o estado explode em vários outros episódios. Jamais recebeu lideranças de suinocultores no Palácio. Quando ocorreu o famoso episódio da gripe suína – na qual Serra gravou uma entrevista (que virou campeã do Youtube) relacionando a gripe com os porcos —, vendo o estrago convidou o setor para um almoço. Todos foram para o restaurante Varanda Grill e ficaram aguardando o governador.

A gripe suína 2
Serra chegou atrasado, com uma equipe de TV a tiracolo. Mal cumprimentou os presentes, pediu um bife de carne suína, cortou um pedaço, levou à boca – tudo devidamente registrado pelos cinegrafistas –, despediu-se secamente e foi embora. A intenção foi apenas a de registrar cenas, caso os adversários resolvessem explorar o tema na campanha.

Esvaziamento 1
São Paulo tem as melhores universidades, os melhores institutos de pesquisa do país, as melhores empresas, a infra-estrutura mais completa, os melhores quadros intelectuais. Caso Serra ainda tivesse mantido a energia de outrora, poderia ter mudado a face do país a partir de São Paulo. Com sua inapetência administrativa, houve um afastamento gradativo dos melhores quadros do partido.

Esvaziamento 2
O grande desafio dos próximos anos será a recomposição da oposição, o renascimento do PSDB sob outra base. Aparentemente houve o esgotamento completo da geração que emerge das diretas. FHC já está fora do jogo; Serra joga sua última cartada. Mas o egocentrismo das velhas lideranças, o desaparecimento dos grandes vultos, como Franco Montoro, Mário Covas, impediram a renovação do partido. A nova geração surgirá apenas quando a velha for afastada pelo tempo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Algumas estratégias de manipulação da elite na mídia

"A maioria da publicidade dirigida ao grande público usa discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse criança ou deficiente mental"

Estratégias e técnicas usadas pelas elites para a manipulação da opinião pública e da sociedade, sempre segundo Noam Chomsky:

A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de impor uma decisão impopular é apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública para aplicação futura. Naturalmente é mais fácil aceitar um sacrifício futuro, até porque o esforço não é feito imediatamente. Depois, porque o público tende a esperar ingenuamente que “tudo vai melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Enfim, isto dá tempo ao público para acostumar-se com a mudança e aceitá-la com resignação quando chegar a hora;

DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS
A maioria da publicidade dirigida ao grande público usa discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse criança ou deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom idiotizante. Por quê? Em razão da sugestionabilidade, este tenderá a dar uma resposta ou apresentar uma reação desprovida de sentido critico;

USAR O ASPECTO EMOCIONAL MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional, e por fim ao sentido crítico dos indivíduos. Além do mais, o uso do registro emocional permite abrir o acesso ao inconsciente para implantar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer como que se o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua servidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre o possível, de forma que a distância entre classes inferiores e superiores permaneça a maior possível.

CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS
Nos últimos 50 anos, os avanços da tecnociência geraram uma enorme defasagem entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e usados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” detém um conhecimento avançado do ser humano, isto é, pode conhecer melhor o individuo comum do que ele mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, que o sistema exerce um controle maior sobre os indivíduos.

REFORÇAR A REVOLTA PELA CULPABILIDADE
Fazer o indivíduo acreditar que ele é o único culpado pela própria desgraça devido à limitação da sua inteligência, capacidades ou esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo culpa a si mesmo, gerando um estado depressivo cujo efeito imediato é a inibição da ação. E sem ação, não há revolução!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Confecom supera desorganização e termina com sucesso

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O fato de a Globo, a Zero Hora, a Folha, o Estadão e veículos de outras grandes empresas mostrarem-se mordidas pelas decisões da Confecom apenas demonstra que ela atingiu seus objetivos, de mexer nos interesses dos grupos que concentram em pouquíssimas mãos a comunicação no Brasil. Se é ruim pra eles, há de ser bom para a sociedade, sinal de um avanço no sentido de democratizar o setor.

- Postado por Cris Rodrigues (http://jornalismob.wordpress.com)

Ao que parece, podemos respirar aliviados. Os últimos dias da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que aconteceu essa semana, de 14 a 17 de dezembro, em Brasília, reverteu os prejuízos da falta de organização inicial. Uma mudança no regimento permitiu maior participação dos movimentos sociais, com o fim do quórum qualificado que beneficiava as empresas.

A sociedade civil, preocupada há meses com a falta de maioria (tinha 40%, enquanto o setor empresarial ficava igualmente com 40% e o governo com os outros 20%), conseguiu uma união tamanha que a grande maioria das propostas foram aprovadas direto (com mais de 80% de apoio, elas iriam direto para o relatório final).

Não vou entrar no mérito das palestras e das discussões que aconteceram, porque o espaço é curto. O que vale destacar são os resultados obtidos. Apesar de a Confecom não ter caráter deliberativo – ou seja, nenhuma decisão será implementada automaticamente -, foram aprovadas diversas propostas elaboradas anteriormente pelos segmentos que estão participando. Juntas, elas comporão o relatório final a ser encaminhado para o Congresso Nacional. O objetivo é que o documento sirva como base para um novo marco regulatório das comunicações. A Confecom começou com mais de 6 mil propostas, discutidas em 15 grupos de trabalho, com o propósito de reduzi-las a 150. No fim, foram aprovadas mais de 600 propostas.

Propostas

Das propostas aprovadas, destacam-se a criação do Conselho Nacional de Comunicação com caráter deliberativo – proposto em 2004 por Lula e rejeitado pela mídia -, a institucionalização da Confecom de dois em dois anos, a exigência de diploma para o exercício da profissão.
A importância da criação do Conselho se deve à participação da sociedade civil do debate sobre comunicação, através de um controle social da mídia. A ideia é que ele se torne um órgão permanente de regulamentação das políticas de comunicação no Brasil, instituindo um código de ética e coibindo excessos. Sua composição contará com a presença de governo, setor empresarial e sociedade civil, de forma tripartite.

Outras propostas aprovadas foram a criação de um Conselho Federal de Jornalistas; um maior rigor nas concessões; a complementaridade entre sistema público, privado e estatal na produção de conteúdo, com incentivos para mídia popular e independente; a universalização da banda larga como forma de inclusão digital; o fim da criminalização das rádios comunitárias que não possuem outorga e da burocratização das outorgas.

Grande imprensa boicota Confecom

O Jornal Nacional tentou claramente diminuir a importância das decisões tomadas na Conferência, atribuindo-lhe falta de legitimidade em função da ausência de grandes grupos do setor empresarial. Segundo William Bonner, entidades representativas do setor empresarial teriam se retirado porque a conferência tentava censurar os veículos através de um controle social da comunicação.

O fato de a Globo, a Zero Hora, a Folha, o Estadão e veículos de outras grandes empresas mostrarem-se mordidas pelas decisões da Confecom apenas demonstra que ela atingiu seus objetivos, de mexer nos interesses dos grupos que concentram em pouquíssimas mãos a comunicação no Brasil. Se é ruim pra eles, há de ser bom para a sociedade, sinal de um avanço no sentido de democratizar o setor.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Secretário de Movimentos Sociais do PCdoB de Jundiaí é eleito para participar da Conferência Estadual das Cidades

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Roberto Gonçalves de Sá, Secretário de Movimentos Sociais do PCdoB de Jundiái, foi eleito como Delegado para participar da Conferência Estadual das Cidades, que será realizada nos dias 27 e 28 de março no Memorial da América Latina em São Paulo.

Durante o evento, serão apontadas e debatidas quais devem ser as mudanças necessárias para melhorar a vida da população em seus municípios.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

PCdoB-SP promove primeiro encontro de pré-candidatos a deputado para as eleições de 2010

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- Texto: André Lux / Fotos: Cristiano Guimarães


Mesa do primeiro encontro dos pré candidatos do PCdoB

O PCdoB de São Paulo realizou, no sábado, dia 12 de dezembro, seu primeiro encontro entre os pré-candidatos aos cargos de deputados estadual e federal. O objetivo do evento foi iniciar a preparação dos políticos do partido para a disputa eleitoral de 2010, que tem como principal meta aumentar o número de representantes do PCdoB na Assembléia Legislativa e na Câmara Federal, fortalecendo politicamente o partido em São Paulo e no Brasil.


Deputado Pedro Bigardi expõe suas opiniões

Nádia Campeão, presidente do PCdoB do Estado de São Paulo, abriu os trabalhos felicitando a todos pelos êxitos conquistados em 2009 relativos ao governo Lula, ao Congresso Nacional do partido e à preparação para a disputa do pleito em 2010. “Temos que fazer uma campanha unificada e forte, aproveitando o contexto político atual que é amplamente favorável às forças da esquerda que dão apoio ao governo do presidente Lula e também o fato de que a oposição à direita não tem propostas para o país, nem discurso”, avalia. Para a presidente do PCdoB de São Paulo, cada pré-candidato tem o dever de lutar para obter o maior número de votos possível dentro do contingente de 28 milhões de eleitores que existem no Estado. “A militância e a vontade política são as maiores forças do nosso partido e com certeza vão fazer a diferença nas próximas eleições”, aposta.


Auditória da Assembleia Legislativa ficou lotado

Essas noções foram reforçadas pelo deputado estadual Pedro Bigardi, que sugeriu a todos os pré-candidatos que comecem desde já a realizar uma análise das conjunturas regionais, estadual e federal. “Isso é de extrema importância nas próximas eleições, pois vai ajudar o diretório estadual do PCdoB a mapear a situação política do Estado e na hora da elaboração do planejamento das campanhas”, enfatiza Bigardi.


Ministro Orlando Silva dá o seu recado

O Ministro do Esporte, Orlando Silva, esteve presente no evento e também prevê um crescimento do PCdoB nas próximas eleições, se houver empenho e determinação de cada pré-candidato. “Hoje, graças ao governo do presidente Lula do qual fazemos parte, temos crescimento econômico com distribuição de renda e justiça social. Precisamos mostrar isso à população nas eleições e provar que nós comunistas somos bom de conversa, de política e de governo”, destaca.


Os deputados Pedro Bigardi e Aldo Rebelo

Já a receita para se vencer uma eleição foi dada pelo deputado federal Aldo Rebelo: “Acordar cedo e dormir tarde, ter disciplina, disposição, otimismo e estar atento à vida e às necessidades das pessoas”. Para Rebelo, apenas ter boas idéias e boa intenção não bastam para vencer, pois é preciso fazer a população entender tudo isso. “Idéias são um caminho para se chegar ao povo. E isso depende de um bom planejamento e de muita estrutura”, define.


Bigardi junto às camaradas do PCdoB

O vereador Netinho de Paula também mostrou estar afinado com o espírito de união e colocou-se à disposição do partido para ajudar de todas as formas possíveis. “Cada um de nós deve pensar agora no que pode oferecer de melhor ao PCdoB para que a nossa direção consiga elaborar um planejamento estratégico bem estruturado e eficiente para fazer crescer a nossa representatividade nos níveis estadual e federal”, sugere.


Palestra do publicitário Júlio Filgueira

O evento contou ainda com uma palestra do publicitário Júlio Filgueira, que abordou as várias fases da estratégia eleitoral e deu importantes conselhos de como realizar uma campanha com envolvimento e profissionalismo, fatores essenciais para quem busca a vitória na abertura das urnas.

Vianna: Serra pediu pra "Globo" pegar leve com o Arruda?

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- por Rodrigo Vianna, jornalista, em seu blog Escrevinhador

Muita gente já percebeu que o "Correio Brasiliense", principal jornal de Brasilia, tem poupado José Roberto Arruda no escândalo do panetone (leia sobre isso aqui)

No caso do jornal, a razão seria (digamos) publicitária.

Mas não para por aí.

Ontem, um dos senadores mais bem informados do Congresso (ele transita bem entre governistas, mas é de um partido que tem boas relações com a oposição) garantiu, numa conversa em "off" com jornalistas: "a Globo vai tirar o pé do escândalo, o Serra chamou a direção de jornalismo e 'pediu' (ênfase irônica) para baixar a bola, e não bater tanto no Arruda".

Mas, por que, senador? "Isso respinga na minha candidatura", teria dito o governador de São Paulo.

(Muita gente acha que Serra, de início, não achou tão ruim o escândalo. Seria mais fácil negociar com um DEM enfraquecido. O Serra acha que, do jeito que está, o DEM virá por gravidade. Mas, se a crise se arrastar e o noticiário continuar mostrando as cenas, o PSDB também perde. Lula e o PT passam a ser vistos como fiadores do combate à corrupção.

Lula hoje já aproveitou a deixa: mandou para o Congresso um projeto de lei que transforma corrupção em crime hediondo.)

A conversa com o senador foi ontem. Hoje, quarta-feira, na hora do almoço, o pau quebrou em Brasília. Arruda mandou a polícia pra cima dos manifestantes da CUT e de partidos de esquerda.

No noticiário local, a Record ficou meia hora com as imagens da pancadaria, ao vivo. Na Globo, uma reportagem sobre um robô, no Japão.

É isso: "pedido" do Serra, não se discute. Cumpre-se!

Vamos ver como fica o noticiário nos próximos dias.

Nesta quarta, o "panetonegate" já tinha sumido também da primeira página da "Folha". Será que a "Folha" vai esconder a pancadaria em Brasília?

Difícil ignorar um escândalo desses. Mas tudo é uma questão de ênfase jornalística. O pedido não foi pra sumir com o caso, mas pra baixar a bola... A conferir.

O que digo é o seguinte: o senador é fonte segura. Em julho, avisou a vários jornalistas que havia uma fita de Arruda pegando dinheiro. Poucos acreditaram. As fitas estão aí.

O senador - agora - avisa que a fita mais impactante ainda não foi divulgada. Arruda apareceria numa cena de "adoração monetária", louvando as notas novinhas em folha.

"Eu vi a fita, ela existe. Só não sei se vai aparecer".

Parece inacreditável. Mas, nesse caso, quase tudo parece inacreditável: das meias e cuecas à desculpa do panetone...

Eu já não duvido de mais nada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Mídia: Nossos medíocres Goebbels pós-modernos

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- por Miguel do Rosário, no blog Óleo do Diabo

Essa comparação é velha, mas o que eles fazem também é velho. Eles continuam repetindo a informação ad nauseam até que ela se incrustre em nosso inconsciente, até que nós mesmos esqueçamos o contexto que a gerou, e de como se trata de uma mentira.

Pensei algumas semanas atrás, lendo artigos sobre Cesare Battisti. Você pode ser uma pessoa estranha normal, que sente prazer em mandar cartinhas para jornais babantes de ódio e sadismo contra um homem cuja verdadeira história você não conhece. Até aí tudo bem.

O que me espantou é que, mais uma vez, comparou-se o caso Battisti aos cubanos mandados de volta à gulag cubana. Falo gulag apenas para imitar o trejeito da maioria dos missivistas de jornalões, que imagino vestirem gravatinha borboleta e incensarem a nossa imprensa como grande paladina da liberdade democrática. O fato da mesma imprensa ter apoiado e articulado o golpe de 1964 é só um detalhe insignificante.

Bem, a diferencinha básica, de que os cubanos pediram para voltar à Cuba, não é citada, de maneira que, a cada vez que a comparação Battisti X cubanos é realizada, a imprensa procura grudar, usando cola vagabunda, um raciocínio falho no intelecto já meio demente de seus leitores.
O fato traz consequências graves à psique moderna, e provamos isso quando, por algum desgraçado acaso da vida, somos obrigados a trocar idéias com essas pessoas. Quando essas pessoas sentam à nossa mesa - ou, o que é pior, nos sentamos à mesa delas, e elas passam a repetir, solertes e orgulhosas de si mesmas, exatamente a mesma idiotice que leram no jornal; e quiçá tenham lido já não num editorial, e sim numa carta de leitor!

Sim, porque é preciso entender o significado atual dessa aberração: Carta do Leitor. Aos poucos, aquilo se tornou uma das zarabatanas mais maliciosas do jornal. Por que ali não se tem mais obrigação de falar a verdade. Com a desculpa de divulgar a opinião do leitor, enfiam-se as cartinhas mais estapafúrdias. É o caso também de outro CB. César Benjamin. O ombudsman entregou o jogo. Disse que recebeu mais de duzentas cartas espinafrando a Folha, e somente nove elogiando. Mas o editor da seção de cartas punha, todo dia, uma carta a favor, outra contra. E assim temos um delicioso equilíbrio! O equilíbrio entre a verdade e a mentira!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O escândalo do panetone e a análise enfadonha da mídia

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As abordagens são plurais, mas o pensamento é único. Assim se constrói e se impõe a ideologia do capitalismo contemporâneo.

- Carlos Pompe, jornalista, no site Vermelho

O mais recente escândalo político, desta vez envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), demonstrou, mais uma vez, a dubiedade da mídia. O tratamento dado ao fato desmerece e condena a atividade política. Apesar das loas, repletas de lugar comum, à liberdade, o trabalho da mídia tem contribuído mais para o desgaste da democracia do que para o seu aperfeiçoamento.

No escândalo dos panetones (Arruda jura de pés juntos que o filme que o flagra recebendo dinheiro “não contabilizado” – digamos assim – foi usado para comprar panetones a serem doados aos pobres) quem ficou sujo na roda, além dos envolvidos, foi o Correio Braziliense, que se fez mais porta-voz do governador e chegou a ocultá-lo na manchete do primeiro dia do escândalo (”GDF e Distritais são alvo de investigação”). Como os principais meios de comunicação têm sucursal ou jornalistas na capital federal, contrastou visivelmente o tratamento do Correio e o dos outros jornais.

O Judiciário tem sido mais preservado pela mídia, talvez por temor das barras dos tribunais. Mas os meios de comunicação, o mais das vezes, reduzem o papel do Parlamento, em especial, e do Executivo a estereótipos, a relações, não de política, mas de negociatas. E como não há como desvincular a atividade política dos embates de classe, onde se destacam os conflitos econômicos, os flagrantes em que o poder do capital se faz presente ganham relevo. Notas de dinheiro vão parar nas cuecas, meias e bolsos de agentes políticos de variadas tendências partidárias, e “todos os políticos – e a atividade política – são sujos”…

Num estágio civilizacional em que é preponderante o monopólio econômico, inclusive da mídia, os receptores da comunicação são bombardeados por inúmeros analistas e formadores de opinião. Porém todos expondo, no essencial, as mesmas concepções. Assim, o telespectador assistirá, na Rede Globo, um âncora dizendo que o problema da política é a falta de ética e que a questão econômica é garantida pela liberdade de mercado. O leitor da Veja vai encontrar artigos de colunistas conceituados usando estilos diferentes mas registrando as mesmas ideias sobre a ética na política e a liberdade no mercado. Quem sintonizar a Rádio Band ouvirá locutores, cada qual com seu talento, martelando esses mesmos conceitos. As abordagens são plurais, mas o pensamento é único. Assim se constrói e se impõe a ideologia do capitalismo contemporâneo.

Jean-Marc Ferry considera que a atual concepção de liberdade de expressão é associada à liberdade de expressão dos conglomerados de comunicação e de seus jornalistas e analistas. Essa noção serve, segundo esse filósofo francês, apenas aos interesses econômicos das empresas privadas de comunicação que defendem, na realidade, “uma liberdade privada, pois é a liberdade de expressão dos patrões e dos jornalistas somente” – e eu acrescento, dos jornalistas que esposam as concepções e a ideologia de seus patrões monopolistas da mídia.

Opiniões que vão para além, ou que contestam, que o grande problema político de nosso tempo é a “ética”, ou que o desafio econômico vital de nossa era é a garantia do livre mercado, opiniões que contrariam esses dogmas não encontram guarida ou são ridicularizadas na mídia monopolista. Para estes prosadores da contracultura não há liberdade de expressão. Ou melhor, há. Mas desde que confinados ao gueto da “imprensa alternativa” ou dos desacreditados “veículos de esquerda”.

E que venha o próximo escândalo, pela esquerda ou pela direita, pelos governistas ou pela oposição. Serão todos monotematicamente tratados como “problema moral, ético”, fruto da ação de “políticos sujos”. Nada que desnude os profundos interesses de classe e os conflitos partidários e ideológicos que são seu verdadeiro pano de fundo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Altamiro Borges: "Estupro da Folha é outro tiro no pé"

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Com os “estupros” que a Folha insiste em praticar, a tendência é que a sua tiragem despenque ainda mais. O ato organizado pelo MSM poderá servir como mais uma pá de cal neste jornal leviano e golpista, que agride constantemente a democracia e a ética jornalística.

- por Altamiro Borges, membro do Comitê Central do PCdoB – Partido Comunista do Brasil, autor do livro “Sindicalismo, resistência e alternativas” (Editora Anita Garibaldi)

No sábado, dia 5, às 10 horas, o Movimento dos Sem Mídia (MSM) fez uma manifestação em frente ao prédio da Folha de S.Paulo (Rua Barão de Limeira, 425, centro da capital paulista), para protestar contra a publicação de um artigo leviano e irresponsável que acusou o presidente Lula de tentar “subjugar sexualmente” um jovem nos anos 1980. O artigo de uma página inteira, de autoria do ex-petista Cesar Benjamin, atual colunista da Folha, “foi forjado no ódio, na inveja e na covardia e é um estupro ao jornalismo”, afirma Eduardo Guimarães, presidente do MSM.

Sobre o artigo de Cesar Benjamin, que “estuprou” sua própria biografia de profundo conhecedor do Brasil e de intelectual brilhante, muitos já se pronunciaram criticamente – prefiro silenciar na tristeza por mais este ato instintivo e rancoroso. Sugiro apenas a leitura da resposta ponderada e firme do jornalista Gilberto Maringoni, publicada na Carta Maior. Membro do PSOL e crítico de esquerda do governo Lula, ele não poupou críticas ao texto do “Cesinha”, que estaria fazendo o jogo da direita brasileira às vésperas da sucessão presidencial. “Fico envergonhado com o papel que ele está desempenhando. Seu passado não merece isso. Mas a História irá julgá-lo”.

“Um horror” dos herdeiros de Frias

Já com relação ao jornal da famíglia Frias, a publicação do artigo sem qualquer apuração prévia ou rigor jornalístico liquida qualquer ilusão sobre o ecletismo da Folha. Após usar um ex-petista para desferir ataques pessoais ao presidente da República, ela mesma confessou sua leviandade, mas sem fazer autocrítica pública – talvez temendo processos jurídicos. Militantes que estiveram presos com Lula nos cárceres da ditadura, entre abril e maio de 1980, negaram taxativamente a história bizarra. Vale registrar a resposta íntegra de José Maria de Almeida, presidente do PSTU e outro crítico do governo Lula, que qualificou a insinuação de “baixaria”.

O reconhecimento cabal do “estupro” perpetrado pela Folha, porém, ocorreu com a entrevista de João Batista dos Santos, o ex-militante do Movimento pela Emancipação do Proletariado (MEP) que teria sido alvo da “investida” de Lula na cela. Ele considerou “um horror” o artigo, disse que isso nunca ocorreu e lamentou a publicação do texto sem ouvir os envolvidos no caso. Por ironia da história, Santos trabalhou numa granja mantida pela famíglia Frias em São José dos Campos, no interior paulista, na década de 1990. Para ele, se Octavio Frias de Oliveira, o barão da Folha, estivesse vivo (ele faleceu em 2007), “esteve artigo não teria sido publicado”.

Credibilidade e tiragem em queda

Depois de cunhar a expressão “ditabranda” para se referir aos trágicos anos da ditadura militar e de publicar uma “ficha policial” falsa contra a ministra Dilma Rousseff, a Folha dá outro tiro no pé. A publicação do asqueroso artigo fere a pouca credibilidade que ainda resta a este veículo e poderá resultar em novas quedas da sua pífia tiragem. Quando da “ditabranda”, o jornal perdeu mais de 3 mil assinantes, segundo fontes da própria empresa. Já no caso da falsa ficha policial, o jornal foi forçado a reconhecer timidamente o erro, temendo a abertura de um processo criminal.

Entre outros fatores, a perda de credibilidade do jornal da famíglia Frias ajuda a explicar a brutal queda da sua tiragem nos últimos anos. Segundo levantamento do IVC (Instituto Verificador de Circulação), a Folha é hoje o vigésimo quarto jornal em vendas avulsas no país, ficando atrás do Estadão (19º lugar) e de O Globo (15º lugar). Entre janeiro e setembro de 2009, ela vendeu em média 21.849 exemplares nas bancas. Uma tiragem pífia se comparada aos 489 mil exemplares vendidos em suas edições dominicais em outubro de 1996. Atualmente, o jornal só se sustenta graças à publicidade e à venda de assinaturas, que atinge basicamente a chamada classe média.

Com os “estupros” que a Folha insiste em praticar, a tendência é que a sua tiragem despenque ainda mais. O ato organizado pelo MSM poderá servir como mais uma pá de cal neste jornal leviano e golpista, que agride constantemente a democracia e a ética jornalística.

sábado, 28 de novembro de 2009

Mídia: Quem não tem honestidade precisa de credibilidade

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- por André Lux, secretário de Comunicação do PCdoB Jundiaí

Abordarei uma questão que vira e mexe vem à tona quando se fala em imprensa e jornalismo: credibilidade.

Mas, afinal de contas, o que é esse negócio de credibilidade? Existe alguma forma de medir ou comprovar credibilidade? Será que um jornalista tem mais credibilidade que outro só porque usa terninho e gravata e passa gumex no cabelo?

O debate sobre credibilidade na mídia, em minha modesta opinião, é uma farsa. “Credibilidade” é apenas mais um conceito subjetivo que foi transformado num slogan por publicitários para enfeitar as peças de marketing da mídia corporativa. É idêntico a “Imparcialidade”.

Para mim, muito mais importante que credibilidade é honestidade. Isso sim é algo que pode ser medido e comprovado. Por exemplo. Tem gente que acha que eu não gosto da Veja ou da Folha de S.Paulo só porque elas falam mal do governo Lula e de qualquer outra coisa que cheire a esquerda ou que vá contra o sistema capitalista selvagem que impera no país.

Errado. Eu repudio esses veículos e todos os outros que seguem a mesma linha deles por um único motivo: eles não são honestos. Mas em que eles não são honestos? Simples, eles mentem no que deveriam ser o mais transparentes possível. O problema não é eles serem contra o Lula, o Chávez, o Che Guevara, o diabo a quatro. O problema é eles dizerem não são contra nem a favor de ninguém. São “imparciais”, “isentos”, “apartidários”.

A Folha de S.Paulo, que parece estar querendo superar a Veja no quesito “jornalismo de esgoto”, afirma em suas peças de marketing que “Tem rabo preso com o leitor”. Ora, mas qualquer pessoa de bom senso sabe que o grupo Folha tem rabo preso com tudo, menos com o leitor. Esse pobre coitado é o que menos interessa à máfia que comanda esse grupo midiático. Para eles, leitor é sinônimo de “consumidor idiota”, não passa de um número, uma estatística que, por sinal, está diminuindo a cada dia para eles!

A Veja, o expoente máximo do esgoto jornalístico atual no Brasil, afirma ser “Indispensável” em suas campanhas publicitários. Olha, eu nem encosto na Veja com medo de pegar alguma doença incurável, tipo Racismo ou Homofobia, há no mínimo 10 anos e continuo muito bem informado sobre tudo que acontece no mundo. Posso garantir com tranqüilidade, portanto, que a Veja pode ser muito coisa, menos “indispensável”.

Honestidade, senhoras e senhores. Essa a chave para entender porque a blogosfera está batendo de frente e, muitas vezes, superando essa mídia que se acha grande, porém é de uma pequenez monumental.

Eu não quero que o Arnaldo Jabor seja censurado. Pelo contrário. Deixem-no falar suas nojeiras o quanto quiser. O que eu queria do Jabor é só uma coisa: honestidade. Queria ver esse pobre coitado dando entrevistas ou abrindo seus comentários com algo do tipo: “Sou um ex-cineasta frustrado que, depois de fazer meia dúzia de filmes pornôs metidos a besta que nem a própria mãe viu, percebeu que só conseguiria sobreviver alugando suas opiniões de bufão para quem pagasse mais. Assim, se pagarem bem, falo mal até dela, da minha mãe”.

Pronto. Depois disso, o Jabor poderia falar e escrever o que quisesse. Vai ler e ter orgasmos com o lixo dele quem se identificar com aquilo. E bola pra frente. Chega de dizer que o Jabor (ou qualquer outro vomitador de opinião como ele) tem “credibilidade”. Tem porcaria nenhuma! Quem fala que ele tem credibilidade são as peças de marketing produzidas por quem paga o salário dele e precisa vendê-lo aos incautos como algo “indispensável”.

Vejam o caso do Ricardo Noblat. O sujeito está naufragando. Perdeu sua credibilidade. Mas, perdeu por quê? Por que é cabo eleitoral do PSDB (Partido Só De Bacana) e do DEMo? Por que cometeu um monte de “barrigas” em suas “notícias”? Não. O coitado perdeu a “credibilidade” porque enganou seus leitores. Recebia grana do Senado para fazer um programa qualquer lá e omitiu esse fato. Receber grana do Senado é pecado? Não. Mas omitir esse fato e posar de “imparcial”, “isento”, “defensor da moral e dos bons costumes” é.

Por isso eu sempre faço questão de dizer que não tenho credibilidade. Não tenho mesmo. Credibilidade é uma qualidade que está fora da pessoa. Não sou eu que tenho credibilidade. É outra pessoa que vai acreditar em mim ou não. E ela só vai acreditar em mim se eu for honesto. Ponto.

Todo mundo que entra no meu blog vê logo de cara qual é a minha ideologia, os partidos políticos que apoio e os que repudio (e os motivos disso), minhas crenças e lutas. Enfim, ninguém vai ver-me aqui posando de imparcial, isento, apartidário, apolítico, dono da verdade, defensor da moral e dos bons costumes... Eca!

E outra: eu escrevo lá porque gosto. Nunca ganhei um tostão furado com meu blog. Pelo contrário. Quando vou cobrir uma manifestação como aquela contra a Folha, vou com meu carro e pago tudo do meu bolso. Não tenho compromisso com ninguém. E se tivesse, diria claramente.

Quando fui ao Fórum Mídia Livre no Rio de Janeiro, explicitei na minha postagem que fui a convite da revista Fórum, que me pagou a passagem e o hotel. Além disso, me pagaram uns trocados pelas fotos que tirei no evento e foram publicadas na revista. E só. Mas isso nem tem nada a ver com o meu blog, mas sim com minha profissão.

Muitos vão dizer: “Tá, mas você só fala bem de revistas como Carta Capital, Fórum, Caros Amigos ou Revista do Brasil porque elas falam bem do PT e mal do PSDB”. Errado! Eu leio essas revistas obviamente porque tenho afinidade ideológica com sua linha editorial, mas acima de tudo, porque elas deixam bem claro em editoriais quais são as ideologias que defendem e quais as que repudiam. Elas não tentam convencer ninguém de que o que defendem ou repudiam é uma “verdade absoluta” ou um “fato imparcial”. Pelo contrário. Deixam bem claro, sejam nas matérias ou nas opiniões, que estão escrevendo a partir daquele ponto de vista que já explicitaram anteriormente.

Isso é bem diferente daquelas pessoas que consomem a Veja e o Jornal Nacional, justificando que fazem isso porque são veículos que “têm credibilidade”. Mentira! Gostam desse tipo de mídia porque divulgam aquilo que elas gostam (ou acham que gostam) de ler e ouvir. Ou seja, identificam-se com suas linhas editoriais conservadoras e reacionárias, porém nunca vão admitir isso. Nem os consumidores nem os produtores midiáticos.

Ficam ambos num jogo ridículo de “Eu finjo que sou imparcial e você finge que acredita, e vamos continuar metendo o pau na esquerda em favor da exploração do homem pelo homem, pelo bem do meu patrão”.

É por essas e outras que a mídia corporativa e seus jagunços se apegam tanto a essa palavra “credibilidade”. Porque eles sabem muito bem que no quesito “honestidade” eles levam uma verdadeira surra de qualquer Zé Mané da blogosfera ou da mídia independente.

E é por isso também que não vêem a hora de botar a gente pra correr e calar as nossas bocas. Honestidade faz muito mal aos negócios deles, essa que é a verdade...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Edgar Borges Júnior analisa o discurso de um jovem Tucano

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- por Edgar Borges Júnior, Historiador e Secretário de Juventude do PCdoB Jundiaí

Um dos exercícios mais interessantes que realizávamos na faculdade de História era analisar o discurso e os escritos de uma pessoa, a luz de sua posição no mundo, e ver como o seu lugar social influenciava em suas opiniões acerca de diversos assuntos.

Assim, é possível tirar desta análise idéias e princípios que estejam disfarçados no texto e conseguir apreender como funciona o pensamento daquele grupo o qual o autor do texto pertence.

Ao topar com um artigo publicado no Blog Mais Atitude!, do jovem tucano Márcio Ferrazzo, já proeminente dentro do PSDB e que ocupa o cargo de Assessor Especial da Juventude na Prefeitura do Município (governada desde 1993 pelo PSDB), resolvi fazer o referido exercício.

O artigo é pautado por curtas notas acerca de vários assuntos, e duas interessam ao nosso estudo. Irei transcrevê-las e depois analisá-las:

"Idéias ao ar livre

Insisto que os mecanismos tradicionais de participação política não darão conta do enorme desafio de mobilizar a sociedade para de fato participar. Os partidos políticos tomaram de assalto os sindicatos, as entidades estudantis, os movimentos sociais, enfim, e desvirtuaram suas causas. Por isso, iniciativas como o portal “Cidade Democrática”, destinado à livre manifestação por parte dos cidadãos acerca dos problemas da cidade, podem — caso de fato resistam à sanha dos que, lobos em pele de cordeiro, se enveredam na caça aos votos — contribuir para os novos ares de que tanto necessitam nossos pulmões.

Política sem massa encefálica

A comunidade de Jundiaí no orkut é um exemplo clássico de ar rarefeito para o arejar de idéias. A predominância é de internautas radicais, que só por serem ligados aos partidos de oposição, revestidos de bordões como PIG (Partido da Imprensa Golpista), nutrem verdadeira raiva pelo PSDB. Cheguei a postar com freqüência, até cometi excessos movido pelo ambiente inóspito, hoje acompanho de longe e volta e meia eles chamam para a briga, feito moleques, questionando a minha ausência."


Eis aí os dois excertos do artigo do jovem tucano. Eis o link para a consulta de todo o artigo:
http://marcioferrazzo.blogspot.com/2009/11/coluna-do-jornal-da-cidade.html

Infelizmente nós, historiadores, muitas vezes não conseguimos produzir textos inteligíveis e curtos. O cabedal de conhecimento por nós acumulado não permite que uma análise de discurso seja feita em dois parágrafos. O processo é lento, gradual e longo. Vamos a ele.
A primeira frase do artigo “Idéias ao ar livre” (título interessante para o artigo, que se relaciona com os ares que necessitam alguns pulmões) é das mais reveladoras do discurso de um tucano. “Insisto que os mecanismos tradicionais de participação política não darão conta do enorme desafio de mobilizar a sociedade para de fato participar”. A priori, como discordar de que novos mecanismos que aproximem a política do cidadão se fazem necessários? Ainda mais a luz das novas tecnologias de comunicação e informação trazidas pelo advento da internet, claro esta que novas formas de mobilização da sociedade para a participação política não só são necessárias como também plenamente possíveis. Só ao final do artigo é que o autor vai esboçar como poderia ser essa forma inovadora de participação. Prossigamos.

A segunda frase é a chave para entender como funciona o discurso tucano: “Os partidos políticos tomaram de assalto os sindicatos, as entidades estudantis, os movimentos sociais, enfim, e desvirtuaram suas causas”. Trocando em miúdos, não deixa de ser um resmungo, típico de FHC: como a mensagem que nós, tucanos, temos a transmitir para a sociedade não é aceita por essas entidades (a não ser alguns sindicalistas pelegos de quando o FHC era presidente) e outras idéias trazidas por outros partidos são melhor aceitas pelos sindicatos, movimento estudantil e movimentos sociais como o MST, então o caminho é desqualificar as entidades. Elas teriam se afastado de suas lutas históricas e foram cooptadas por partidos com interesses outros. Contudo, quando o PSDB estava no poder, nunca se preocupou em atender minimamente os anseios dessas organizações, a não ser para cooptar lideranças das formas que todos podem imaginar e acabar com as lutas dessas instituições. Basta dizer que em oito anos de presidência FHC nunca recebeu a UNE para conhecer e negociar suas pautas. Agora, como essas entidades estão totalmente afastadas do tucanato, partem pra desqualificação: a UNE que recebe verba pública ou da Petrobras, criam CPI pra criminalizar os sem-terras quando estes invadem terras griladas da União. Mas nunca se preocuparam em atender de forma séria e respeitosa as reinvidicações destas entidades.

Vamos então para o final do 1º artigo. O autor saúda um mecanismo onde a população pode participar enviando propostas e apontando problemas da cidade para um site que reúne as sugestões e de onde se espera que o poder público consulte e realize alguns daqueles apontamentos. E faz o alerta supremo: “podem — caso de fato resistam à sanha dos que, lobos em pele de cordeiro, se enveredam na caça aos votos — contribuir para os novos ares de que tanto necessitam nossos pulmões”. De alguma forma, não deixa de ser uma precaução: se os movimentos citados acima estão todos afastados do PSDB, o mesmo pode ocorrer com o Cidade Democrática.

Aqui, cabe relatar uma situação da qual participei. Em torno de 2007, a comunidade “Jundiaí”, no Orkut, discutia diversos problemas da cidade, até que os participantes resolveram se encontrar pessoalmente, em happy-hours, para se conhecer e levar aquela discussão para o “mundo real”. E isso chamou a atenção da mídia da cidade, que foi cobrir os encontros. Um dos pontos mais discutidos era a Câmara Municipal, em especial o horário de sua sessão, manhãs de terça-feira, impossibilitando maior participação popular. O presidente da Câmara na época, o tucano Luis Fernando Machado, chamou o grupo para se reunir com ele e ouvir o que tínhamos a dizer da Câmara. No encontro, no plenário da Casa de Leis, fomos presenteados com um tomo com as constituições federal e estadual e um livrinho com o regimento interno da Casa. O encontro foi ameno e ele explicou que estudava votar um novo regimento, onde os horários da sessão e das audiências públicas iriam para as noites, ainda que isso acarretasse maior gasto com eletricidade e hora-extra dos funcionários da Câmara. E isso iria para votação, para apreciação de seus pares, e caberia à sociedade pressionar os vereadores para que as mudanças fossem consumadas. Aquela legislatura acabou e esses temas nunca foram votados.

Após algum tempo, aquele grupo perdeu força. Todos tinham que se dedicar as suas atividades profissionais e a política acabou ficando pro Orkut mesmo, como forma de passatempo. Mas o episódio me ensinou algo muito valioso: ainda que novas formas de mobilização sejam louváveis, só fazendo a luta dentro da instância indicada, um partido político, é que se pode levar a cabo as mudanças que se entende como necessárias a sociedade, conquistando as instâncias de poder dentro de eleições democráticas. Fui convidado para ingressar no PC do B da cidade e agora ocupo um cargo na executiva do partido (secretário de Juventude), onde tenho a percepção de que é um caminho mais propício para realizar as mudanças que ensejo. Pessoas organizadas sem uma bandeira partidária podem até ter as melhores das intenções, mas bastam algumas manobras do poder público para que o grupo se enfraqueça ou que sua legitimidade seja questionada. Se isso não ocorrer com o Cidade Democrática e outros projetos do gênero que existem na cidade, como a ONG Voto Consciente, muito melhor pro município de Jundiaí.

Voltando ao artigo de nosso amigo tucano. A idéia parece interessante: cidadãos reunidos em torno de um site apontam problemas e propostas e o poder público local se coloca para consultar o site e resolver essas questões. Fica a pergunta: será que esses gestores públicos tomarão a atitude de consultar tal ferramenta e dar uma resposta aos cidadãos que lá participam?

Para finalizar com esse primeiro artigo, diria ao tucano para dormir tranqüilo. O pessoal que cuida do Cidade Democrática é crescido e maduro o suficiente para não cair nas garras desses homens maus que tem interesses eleitoreiros. E se um dia essas pessoas resolverem ingressar em algum partido político para realizar as mudanças que consideram necessárias, devem ter esse seu direito respeitado. Ainda que novas ferramentas de mobilização sejam necessárias, a instância legítima para a luta política ainda são os partidos.

O segundo artigo é sobre essa comunidade Jundiaí no Orkut que já citei. Ele coloca essa instância como local de ar rarefeito para o arejar de idéias. Provavelmente, um lugar onde pulmões que de ar precisam não irão encontrá-lo, pra relacionar com idéias do artigo anterior. Um local sem massa encefálica, como diz o título. E a causa disso seriam internautas radicais. O termo radical vem do latim radix, que significa raiz. Mas raiz existe em diversos contextos. Plantas tem raiz. Matemática tem raiz. As palavras também tem raiz. Problemas também tem suas raízes. O que seria, então, um internauta radical? Alguém que navega na internet 24 horas por dia? Ou alguém que usa o teclado do computador como shape de skate para fazer manobras radicais numa pista para a prática desse esporte? Mas ele logo define o seu radical: “internautas radicais, que só por serem ligados aos partidos de oposição”.

Aí esta. Para o tucano, ser radical é pertencer a um partido de oposição. Quem é filiado ao PSDB, Democratas ou PPS seria o que então? Um internauta moderado?

Então, ele coloca que nós, radicais da oposição, nos revestimos de bordões para expressar nossa raiva do PSDB. De minha parte, não nutro nenhuma raiva do PSDB, apenas me dou ao direito de não gostar do que esse partido defende. Não tenho ódio de FHC, Serra ou Miguel Haddad, para citar a política local, apenas não gosto do projeto que eles representam. Não costumo fazer muito uso de bordões, apenas quando quero me fazer entender facilmente e sei que o bordão é amplamente conhecido. Chamar os filiados do PSDB de tucanos é um destes casos.

O tucano deveria se perguntar não o porquê de internautas radicais da oposição terem raiva do PSDB (se é que esta raiva existe), mas sim porque o povo brasileiro não concorda com o projeto que eles apresentam. Retiro da Folha Online:

“No Brasil, 64% quer maior controle do governo na economia
A pesquisa feita a pedido da BBC em 27 países e divulgada nesta segunda-feira revelou que 64% dos brasileiros entrevistados defendem mais controle do governo sobre as principais indústrias do país. Não apenas isso: 87% dos entrevistados defenderam que o governo tenha um maior papel regulando os negócios no país, enquanto 89% defenderam que o Estado seja mais ativo promovendo a distribuição de riquezas.”

Pois é. Não são internautas radicais que tem raivinha do PSDB. O povo é que não se vê contemplado dentro do projeto neoliberal que o PSDB apresenta, como mostra essa pesquisa recém divulgada.

Óbvio que dentro de uma comunidade do Orkut, pessoas se aproveitam da liberdade que o mundo virtual promove para destilar veneno e agir imaturamente contra esta ou aquela agremiação política, esta ou aquela pessoa, conforme o tipo de participação que cada um tem no universo virtual. O autor deveria ter citado alguns episódios dos quais ele participou no Orkut e saiu chamuscado, para contextualizar o seu resmungo. Cito três.

Há alguns meses, o tucano, que tem seu trabalho na prefeitura através de um cargo de comissão, foi por mim questionado por postar em rede social (Orkut) para defender seu partido em horário que o mesmo deveria estar dando expediente, já que era pago com dinheiro público. Me atacou, dizendo que eu estava baixando o nível do debate (pois vários outros internautas radicais passaram a questioná-lo), como se questionar a maneira como um funcionário público gasta seu tempo de trabalho seja baixar o nível da discussão, mas passou a respeitar o horário de expediente público para postar na comunidade. O outro episódio é mais complexo.

Ocorreu uma ação policial na maior favela de Jundiaí, o São Camilo, tomada pelo tráfico e pelo PCC (cujo eufemismo é facção que age dentro e fora dos presídios, para todos acharem que o PCC acabou) onde policiais e promotores públicos de fora da cidade afirmaram que a situação só chegou ao ponto de exigir interferência externa porque o poder público não se fez presente naquela comunidade (lembrete: PSDB governa Jundiaí desde 1993). Até a apresentadora do jornal local da TV Tem, afiliada da Globo, questionou o prefeito por ele ter sumido durante dias e não explicar o que pretendia para o local. Pois bem, começamos a discutir o assunto na comunidade, onde afirmei que o São Camilo não tinha creches. O tucano em questão veio me desmentir, de maneira peremptória, dizendo que haviam duas creches municipais no local. Fui ao site da Prefeitura de Jundiaí ver a lista de creches e não constava nada sobre o São Camilo. Postei isso na comunidade, e Márcio Ferrazzo veio com o nome de duas creches que ficariam no local. Entrei novamente no site, nesta lista, e vi que as duas creches estavam localizadas em dois bairros diferentes. Utilizando o Google Maps, vi que as duas creches eram relativamente próximas ao São Camilo, mas não estavam nessa comunidade (na verdade, estariam no bairro que conhecemos como Vila Aparecida, aqui em Jundiaí, e que foram subdivididos ao longo dos anos). Para confirmação final, liguei nas duas creches, perguntando as secretárias que atenderam se as mesmas ficavam no São Camilo, e ambas disseram: não é no São Camilo, mas é próximo. Desmentido por mim, o tucano iria fazer suas aparições de forma cada vez mais rarefeita, até sumir por completo da discussão daquela comunidade.

Para ser justo com o Márcio Ferrazzo, houve um episódio no Orkut em que algumas pessoas foram realmente injustas em sua crítica contra ele. Ele veio relatar o sucesso do show Reencontro, que ele promoveu e realizou na Sala Glória Rocha, e alguns mais exaltados o criticaram de maneira infantil e injusta. Apontei esses erros naquele tópico e elogiei o Márcio pela idéia e o parabenizei pelo sucesso do evento. Criticar é parte do processo de discussão da política ou de qualquer outro assunto, mas quando alguém que é de um campo político oposto realiza algo relevante, não é feio elogiar. Apenas se é justo procedendo dessa maneira.

De qualquer forma, entendo que isso não configura um motivo realmente forte para que se abandone o debate público naquela ferramenta (Orkut), já que é uma comunidade que conta com mais de 20 mil membros e é a rede social mais popular do Brasil e vez ou outra ganha às páginas dos jornais locais, como citei acima.

Mas não deixa de ser exemplar da maneira de proceder dos tucanos. Como não tiveram sucesso em engessar e imobilizar as discussões naquela comunidade (e coloco no plural, pois o Márcio não é o único comissionado a se manifestar por lá) agora se repete o processo de desqualificação da ferramenta, povoada de “internautas radicais, ligados aos partidos de oposição”. Como se fazer parte de um partido político desqualificasse o cidadão para as discussões públicas. Como ocorreu de os tucanos estarem sendo amplamente questionados naquela comunidade, pois vários destes comissionados se colocaram a disposição para defender seu partido e o governo de Jundiaí e agora não dão conta de responder todos os questionamentos com qualidade, parte-se para a desqualificação do espaço e de todos os que pretensamente são internautas radicais. Bastante ilustrativo do modus operandi tucano em qualquer escala.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Marighella é lembrado como herói nos 40 anos de sua morte

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Morto pelas forças repressoras numa emboscada no dia 4 de novembro de 1969 em São Paulo, Carlos Marighella, ex-guerilheiro e fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), teve os 40 anos da sua morte lembrados em todo país. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o chamou de herói nesta terça (3) em Olinda, o ex-deputado comunista constituinte em 1946 recebeu homenagem no plenário da Câmara dos Deputados.

Autor do livro “Carlos Marighella: o Inimigo Número Um da Ditadura Militar” (Editora Casa Amarela- 2004, SP, 244 pp), o deputado Emiliano José (PT-BA) usou os 30 minutos reservados ao grande expediente da Casa para ler um manifesto em homenagem ao guerrilheiro, documento encabeçado pelo intelectual brasileiro Antonio Candido e assinado por outros intelectuais e trabalhadores.

Nele, o deputado diz que é preciso enfrentar as forças reacionárias e conservadoras que defendem como legítima uma lei de auto-anistia que a ditadura impôs, em 1979, sob chantagens e ameaças.

“Sentindo-se ameaçadas, estas forças renegam as serenas formulações e sentenças da ONU e da OEA indicando que as torturas constituem crime contra a própria humanidade, não sendo passíveis de anistia, indulto ou prescrição. E se esforçam para encobrir que, no preâmbulo da Declaração Universal que a ONU formulou, em 10 de dezembro de 1948, está reafirmado com todas as letras o direito dos povos recorrerem à rebelião contra a tirania e a opressão”, leu o deputado.

O documento destaca ainda que por outros caminhos e novos calendários, abre-se a possibilidade real do nosso país realizar o sonho que custou a vida de Marighela e de inúmeros heróis da resistência. “Garantida a nossa liberdade institucional, agora precisamos conquistar a igualdade econômica e social, verdadeiros pilares da democracia”.

“Por tudo isso, celebrar a memória de Carlos Marighella, nestes 40 anos que nos separam da sua covarde execução, é reafirmar o compromisso com a marcha do Brasil e da Nuestra America rumo à realização da nossa vocação histórica para a liberdade, para a igualdade social e para a solidariedade entre os povos”, discursou.

Comunista como Jorge Amado

O líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA), lembrou que Marighella foi um comunista como Jorge Amado e “tantos outros”. Disse que na Câmara o ex-guerrilheiro foi um firme defensor das melhoras causas e pagou por tudo isso com o próprio mandato, “mas não arriou jamais a bandeira, suas convicções”.

“Foi assim no período da ditadura militar, em que, na clandestinidade, organizou o nosso povo, a nossa juventude e os trabalhadores, acreditando que um dia poderíamos ter um espaço mais democrático, uma sociedade com maior liberdade para construir isso que começamos a construir agora”, disse.

“Não fossem a coragem e a disposição de colocar a própria vida em jogo, não chegaríamos ao regime democrático de hoje. Queríamos avançar muito mais, porém não conseguimos. Se isso não acontecesse, fico pensando como seria este país hoje. Como chegaria ao poder um operário? Como gente popular estaria nesta Casa?”, disse Chico Lopes (PCdoB-CE).

O deputado José Genoíno (PT-SP) lembrou do resgate feito pelo colega de bancada sobre a memória da esquerda no país ao publicar dois livros importantes para o estudo, compreensão e análise sobre Marighella e o Capitão Lamarca.

Pedro Wilson (PT-GO) aproveitou para homenagear Marighella com uma poesia feita pelo poeta Juscelino Mendes: “Há um olhar lá da costa / Que se põe em mim e roga:/ Um sentir sem temporais.../E de ondas secretas / Terra em transe: Guerrilha/ Urbana, Ana! Emboscada na alameda/ Casa Branca manchada de sangue/ Atiraram nas Letras Nacionais /Naquele novembro de quatro/ E entregue à Casa Branca!”

Da Sucursal de Brasília,
Iram Alfaia

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Estudo mostra que Serra fez governo ainda pior que o de Alckmin

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O governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo não deixou nenhuma saudade. Tímida, burocrática e marcada pelo abandono das questões sociais, sua gestão apenas empurrou com a barriga os problemas mais graves do Estado. Mas a atual gestão de seu sucessor, José Serra, consegue ser ainda pior. É o que mostra um estudo feito pela liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo.

A administração do governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra (PSDB), revela a marca de um programa próprio de aceleração do "crescimento". Iniciado em janeiro de 2007, o Governo Serra acelerou o crescimento da carga tributária cobrada dos contribuintes; das vendas de bens públicos ao setor privado; da terceirização de serviços públicos; da tolerância com os grandes devedores e do calote aos credores de precatórios. Ao mesmo tempo, reduziu a participação dos gastos com Educação, Saúde e Segurança no orçamento estadual.

Um amplo diagnóstico financeiro e orçamentário dos sucessivos governos tucanos em São Paulo, concluído na semana passada pela liderança do PT na Assembleia Legislativa, não apenas reafirma o modelo das administrações do PSDB. O estudo também evidencia que o governador Serra, que ambiciona suceder o presidente Lula, comanda um governo menos atento aos problemas da população do que o de seu antecessor e companheiro de partido Geraldo Alckmin. A participação dos gastos em Educação, Saúde e Segurança, por exemplo, no orçamento estadual, era maior no Governo Alckmin do que tem sido no Governo Serra.

O diagnóstico começa apontando a fúria arrecadatória dos governos do PSDB. A carga de tributos aumentou continuamente desde 2002. Em valores corrigidos pelo IPCA, o peso dos impostos sobre cada contribuinte subiu de R$ 1.732,89, em 2002, para R$ 2.268,75. Só escaparam dessa fúria os grandes devedores do Estado. A dívida deles quase triplicou – de R$ 37,2 bilhões, em 1997, para R$ 92,6 bilhões, no ano passado.

Ao longo dos governos tucanos cresceram, além da carga tributária, os gastos com terceirizações de serviços públicos – de R$ 6,74 bilhões, no ano 2000, para R$ 10,1 bilhões no ano passado.

A venda de patrimônio público teve ritmo e volume variados nas sucessivas administrações do PSDB, que privatizaram as empresas de energia – CPFL, Eletropaulo e CESP, os bancos Banespa e Nossa Caixa, mais a Comgás, a Fepasa e outras estatais e ainda as rodovias, concedidas depois de duplicadas.

O primeiro governo do PSDB em São Paulo (1995/98), comandado por Mário Covas, vendeu R$ 46,1 bilhões. O próprio Covas, no segundo mandato, e seu sucessor, Geraldo Alckmin, desaceleraram as vendas. Elas caíram para R$ 18,4 bilhões, entre 1999 e 2002, e para R$ 4,3 bilhões, entre 2003 e 2006. No Governo Serra as privatizações voltaram a crescer. Ao fim de 2010 as vendas deverão chegar a R$ 10,4 bilhões – valor quase 150% superior ao da última gestão de Alckmin.

Para fazer caixa e garantir superávits primários artificiais, os governantes do PSDB fizeram crescer a cada ano o calote aos credores de precatórios. A dívida para com esses credores aumentou de R$ 10,7 bilhões, em 2002, para R$ 19,6 bilhões neste ano.

Toda a dívida pública cresceu sob os governos tucanos. Em 1997 somava R$ 130 bilhões; em 2008 chegou ao ápice: R$ 168 bilhões.

Ao mesmo tempo, entre 1998 e 2008, os gastos com Educação, Saúde e Segurança perderam participação no orçamento estadual.

Em 1998 o Governo Covas gastou 14,45% em Educação; Alckmin, em 2003, gastou 16,40%; e Serra, em 2008, gastou menos de 13%.

Na Segurança, o governo de São Paulo gastou em 2002, sob o comando de Alckmin devido à morte de Covas, 10,59% do orçamento. No ano passado, sob Serra, os gastos foram inferiores a 8%.

Algo próximo se repetiu na área da Saúde. Os gastos do Governo Alckmin em 2004 chegaram a 10,42% do orçamento estadual. No ano passado, o segundo do Governo Serra, ficaram abaixo de 9%.

Na área da Habitação, os governos tucanos sequer cumpriram a lei estadual que manda destinar 1% da arrecadação do ICMS para a construção de moradias. Os investimentos previstos no período 2001 e 2008 somavam R$ 8,3 bilhões, mas foram aplicados somente R$ 5,2 bilhões. Ou seja: R$ 3,1 bilhões foram esquecidos.

Já os gastos com propaganda só aumentaram. Em 2000, somaram R$ 88 milhões; em 2008, R$ 180 milhões.

Pelos cálculos do PT, Serra está longe de cumprir algumas das metas com que se comprometeu. O governador disse que criaria 50.000 vagas para o ensino médio, mas até agora criou pouco mais da metade. Serra prometeu também atender 31.650 famílias com obras e serviços de urbanização de favelas. Até agora atendeu menos de 12 mil.

Carga tributária
Em 2002, cada contribuinte paulista pagou R$ 1.732,89 em impostos estaduais. No ano passado, pagou R$ 2.268,75.

Privatizações
O Governo Serra acelerou o crescimento do programa de privatizações. A venda de patrimônio público, que alcançou R$ 4,3 bilhões no período 2003 e 2006, somará R$ 10,4 bilhões ao fim do período 2007/2010.

Gastos com terceirizações
As despesas com serviços terceirizados aumentaram de R$ 6,74 bilhões em 2000 para R$ 10,1 bilhões no ano passado.

Aumento da dívida pública
A dívida do Estado de São Paulo aumentou de R$ 130 bilhões, em 1997, para R$ 168 bilhões, em 2008.

Tolerância com grandes devedores
Os valores devidos pelos grandes contribuintes cresceram 150% – de R$ 37,2 bilhões, em 1997, para R$ 92,6 bilhões, em 2008.

Calote nos precatórios
O calote aos precatórios cresceu de R$ 10,7 bilhões, em 2002, para R$ 19,6 bilhões em 2009.

Redução de investimentos
Os governos tucanos previram a aplicação de R$ 8,3 bilhões na construção de moradias, no período 2001 a 2008. Aplicaram R$ 5,2 bilhões – R$ 3,1 bilhões a menos.
Os gastos com educação, que representavam 16,40% do orçamento em 2003, passaram a representar 12,69% do orçamento em 2008.

A participação dos gastos em Segurança no orçamento paulista caiu de 10,59% em 2002 para 7,67% em 2008 – mesmo nível de 10 anos antes. A participação dos gastos com Saúde caiu de 10,42%, em 2004, para 8,98% em 2008.

Investimento em propaganda
As despesas com publicidade do governo aumentaram de R$ 88 milhões, no ano 2000, para R$ 180 milhões no ano passado.

Promessas
Serra prometeu criar 50.000 vagas para o ensino médio. Criou 26.900.
Prometeu atender 31.650 famílias com urbanização de favelas. Até agora atendeu 11.935
Prometeu construir 40 unidades para a Polícia Técnica entre 2008 e 2010. Construiu 13

Fonte: Brasília Confidencial

Clique no link abaixo para acessar a íntegra do relatório (Apresentação PPT :: 662Kb)
Diagnóstico dos governos tucanos em SP

sábado, 17 de outubro de 2009

Presidente do PCdoB de Jundiaí visita sede da Mancha Verde

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Tércio Marinho, presidente do PCdoB de Jundiaí, visitou a sede da torcida Mancha Verde no dia 15 de outubro. Confira abaixo a foto da visita.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fotos da 12a Conferência Estadual do PCdoB de São Paulo

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- Fotos: André Lux

Execução do Hino Nacional Brasileiro na abertura


Deputado Estadual Pedro Bigardi saúda os camaradas


Militância entusiasma-se com os projetos futuros


Nivaldo Santana faz uso da palavra


Deputado federal Aldo Rebelo


Renato Rabelo, presidente do PCdoB Nacional


Delegados e delegadas do PCdoB durante o evento


Delegado Protógenes Queiroz discursa


Fala de Orlando Silva, Ministro dos Esportes


Rafael, Edgar e Tércio do PCdoB de Jundiaí


Nádia Campeão, presidente do PCdoB de São Paulo


Netinho de Paula, vereador de São Paulo

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Deputado Pedro Bigardi e Tércio Marinho, presidente do PCdoB, prestigiam lançamento do "Cidade Democrática" em Jundiaí

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- Texto e fotos: André Lux

Pedro Bigardi dá seu apoio ao "Cidade Democrática"

O deputado estadual Pedro Bigardi e o presidente do PCdoB de Jundiaí e coordenador da macrorregião, Tércio Marinho, prestigiaram o lançamento do movimento “Cidade Democrática” nesta quinta-feira, 8 de outubro, na Câmara Municipal. Também marcaram presença o presidente do PT de Jundiaí, Sérgio Dutra, e o presidente do PPS local, Cesar Tayar. A Prefeitura de Jundiaí fez-se representar neste evento inédito na região por meio de um de seus funcionários ligados ao PSDB.


O presidente do PCdoB cobra a participação da Prefeitura

O deputado Pedro Bigardi, do PCdoB, pediu a palavra para garantir o seu total apoio ao projeto e colocou seu mandato e seu gabinete à inteira disposição do movimento “Cidade Democrática”, pois entende que essa é uma importante ferramenta de participação popular que pode e deve fortalecer ainda mais a democracia participativa. “O debate franco e aberto entre os cidadãos e o poder público é essencial para a mudança e a melhoria da sociedade em que vivemos”, afirma.


Várias pessoas prestigiaram o evento na Câmara

Tércio Marinho, presidente do PCdoB de Jundiaí, parabenizou os organizadores do movimento. “Acho de extrema importância Jundiaí ter um fórum de debates como esse e espero que a Prefeitura realmente se abra ao movimento da mesma forma que o nosso deputado estadual Pedro Bigardi tem feito. É o mínimo que podemos esperar de um poder público que foi democraticamente eleito”, ressaltou.


Rodrigo Bandeira, fundador do movimento em São Paulo

O fundador do movimento “Cidade Democrática”, Rodrigo Bandeira, de São Paulo, destacou a importância do movimento para mobilizar a população a participar da vida política apontando problemas e soluções para o município em que vive. “A internet hoje possibilita um diálogo entre os mais diversos grupos sociais que podem usar essa poderosa ferramenta para discutir aquilo que os afeta em seu dia a dia e chamar a atenção do poder público. Hoje não existe mais uma verdade única e todos podem expressar seus pontos de vista por meio da rede mundial”, enfatiza.


Henrique, um dos coordenadores do fórum virtual

Henrique Parra Parra Filho, um dos coordenadores do “Cidade Democrática” em Jundiaí, explicou que o objetivo do movimento é proporcionar um diálogo entre a população e os três poderes públicos hoje em atuação na cidade: a Prefeitura, a Câmara dos vereadores e a Assembleia Legislativa, representada em Jundiaí pelo deputado estadual Pedro Bigardi. “A proposta do movimento é elaborar uma Agenda Cidadã criada a partir da participação dos cidadãos no site que vai apontar uma série de problemas e sugestões de melhoria para ser discutida com os políticos a fim de garantir uma maior participação democrática na tomada de decisões que afetam a todos”, explicou. Como exemplo do que já existe hoje no site, Henrique citou o problema da falta de ciclovias em Jundiaí, reclamação registrada por um dos participantes e que recebeu até agora o maior número de apoios no fórum virtual.


Organizadores distribuem Agenda Cidadã do movimento

O movimento “Cidade Democrática” é formado por um grupo de cidadãos e organizações sociais que querem promover a participação da população, do poder público e de outras entidades num fórum de debates virtual na internet. Para participar basta acessar o endereço cidadedemocratica.org.br, encontrar a página de Jundiaí e se registrar no site. A partir daí, o usuário poderá apontar problemas em seu bairro ou na cidade como um todo ou apontar sugestões que podem vir a melhorar a vida de todos.


Pedro Bigardi e Tércio Marinho lêem o manifesto

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Filiação de Júnior Aprillanti ao PCdoB reúne grande número de pessoas e autoridades em Várzea Paulista

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- Texto e fotos: André Lux

Abertura com a execução do Hino Nacional Brasileiro

O evento de filiação de Júnior Aprillanti ao PCdoB de Várzea Paulista, realizado na quarta-feira 7 de outubro, foi um sucesso e contou com a presença de mais de 150 pessoas, além do deputado estadual Pedro Bigardi, da presidente estadual do PCdoB, Nádia Campeão, dos Secretários de Educação e Cidadania e Assistência Social de Várzea Paulista, Luciano Batista e João Antônio Cardoso, do vereador Mauro Aparecido, de Tércio Marinho, presidente do PCdoB de Jundiaí e coordenador da macrorregião, entre outros.


Júnior Aprillanti fala da sua vocação socialista

Júnior Aprillanti afirmou sentir-se muito feliz com o grande número de pessoas que compareceram ao evento e revelou que foi graças ao convite feito pelo deputado Pedro Bigardi que decidiu se filiar ao PCdoB. “Trata-se de um político que tem a vida tão limpa que nem a oposição consegue atingí-lo com qualquer tipo de acusação. Estar ao lado de uma pessoa tão íntegra e importante como Bigardi foi fator determinante para a minha escolha do PCdoB”, enfatiza.


Evento reuniu um grande número de apoiadores

Júnior também fez questão de frisar que sempre teve uma visão socialista e que por isso sua escolha do PCdoB é coerente com sua trajetória política. “Não estou na política por dinheiro ou vaidade, mas sim porque acredito que podemos construir uma cidade, um Estado e um país melhores por meio da política”, revela.


Pedro Bigardi saúda o novo camarada Júnior Aprillanti

O deputado estadual Pedro Bigardi trabalhou em Várzea Paulista e possui uma forte ligação com a cidade e seu povo. “Por isso, a vinda do Júnior Aprillanti para o PCdoB vai nos ajudar ainda mais a construir um projeto político consistente para a região, que busque justiça social e distribuição de renda para todos”, explica Bigardi.


Os presentes assistem aos pronunciamentos

Para a presidente do PCdoB estadual, Nádia Campeão, trata-se de uma grande honra receber Júnior Aprillanti no partido depois de vários meses de intensas conversas claras e transparentes, que é como deve ser feita a política.


Fala de Nádia Campeão, presidente do PCdoB estadual

Luciano Batista, secretário de Educação de Várzea Paulista, disse sentir uma grande satisfação de estar presente ao ato de filiação de Júnior Aprillanti ao PCdoB, “pois ele é uma grande liderança política que vai contribuir muito com o desenvolvimento da cidade”.


Coordenador da macrorregião de Jundiaí, Tércio Marinho

Afirmação que foi reforçada pelo presidente do PCdoB de Jundiaí e coordenador da macrorregião, Tércio Marinho. “Fica claro a importância e representatividade que Júnior Aprillante tem pelo grande número de pessoas que estão aqui reunidas neste evento”, conclui.


Emoção: pai e filho unidos pela política

No final do ato, aconteceu um momento de forte emoção quando o pai de Júnior, o ex prefeito de Várzea Paulista José Roberto Aprillanti, mostrou-se orgulhoso pela escolha política do filho. “Estou tão feliz que hoje tomei coragem de dizer eu te amo, meu filho!”. Ambos, pai e filho, se abraçaram e tentaram em vão conter as lágrimas de emoção.