quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Mídia: Nossos medíocres Goebbels pós-modernos

.
- por Miguel do Rosário, no blog Óleo do Diabo

Essa comparação é velha, mas o que eles fazem também é velho. Eles continuam repetindo a informação ad nauseam até que ela se incrustre em nosso inconsciente, até que nós mesmos esqueçamos o contexto que a gerou, e de como se trata de uma mentira.

Pensei algumas semanas atrás, lendo artigos sobre Cesare Battisti. Você pode ser uma pessoa estranha normal, que sente prazer em mandar cartinhas para jornais babantes de ódio e sadismo contra um homem cuja verdadeira história você não conhece. Até aí tudo bem.

O que me espantou é que, mais uma vez, comparou-se o caso Battisti aos cubanos mandados de volta à gulag cubana. Falo gulag apenas para imitar o trejeito da maioria dos missivistas de jornalões, que imagino vestirem gravatinha borboleta e incensarem a nossa imprensa como grande paladina da liberdade democrática. O fato da mesma imprensa ter apoiado e articulado o golpe de 1964 é só um detalhe insignificante.

Bem, a diferencinha básica, de que os cubanos pediram para voltar à Cuba, não é citada, de maneira que, a cada vez que a comparação Battisti X cubanos é realizada, a imprensa procura grudar, usando cola vagabunda, um raciocínio falho no intelecto já meio demente de seus leitores.
O fato traz consequências graves à psique moderna, e provamos isso quando, por algum desgraçado acaso da vida, somos obrigados a trocar idéias com essas pessoas. Quando essas pessoas sentam à nossa mesa - ou, o que é pior, nos sentamos à mesa delas, e elas passam a repetir, solertes e orgulhosas de si mesmas, exatamente a mesma idiotice que leram no jornal; e quiçá tenham lido já não num editorial, e sim numa carta de leitor!

Sim, porque é preciso entender o significado atual dessa aberração: Carta do Leitor. Aos poucos, aquilo se tornou uma das zarabatanas mais maliciosas do jornal. Por que ali não se tem mais obrigação de falar a verdade. Com a desculpa de divulgar a opinião do leitor, enfiam-se as cartinhas mais estapafúrdias. É o caso também de outro CB. César Benjamin. O ombudsman entregou o jogo. Disse que recebeu mais de duzentas cartas espinafrando a Folha, e somente nove elogiando. Mas o editor da seção de cartas punha, todo dia, uma carta a favor, outra contra. E assim temos um delicioso equilíbrio! O equilíbrio entre a verdade e a mentira!

Nenhum comentário:

Postar um comentário