Ato
marcou o reconhecimento por parte do executivo do registro do clube como
patrimônio imaterial
Na noite desta sexta-feira (26), Jundiaí ganhou uma
página importante em sua história, pois foi quando o poder público prestou
homenagem ao Clube Beneficente Cultural, Recreativo Jundiaiense 28 de Setembro,
entidade com 120 anos de existência, fundada em 1895 por negros recém libertos
da escravatura.
Trata-se do clube social negro mais antigo em
atividade do Estado de São Paulo e um dos mais antigos do Brasil. “Para mim é
uma noite emocionante, estamos aqui reconhecendo a abnegação de negras e negros
que lutaram contra o cerceamento da liberdade, mesmo após a libertação, pois
não podiam frequentar os clubes brancos e se organizaram e fundaram este belo
clube”, discursou o secretário de cultura, Tércio Marinho.
A trajetória dos clubes sociais negros no Brasil
começou a ser trabalhada de maneira mais robusta, em nível federal, a partir da
década passada. “A luta contra o racismo e qualquer tipo de preconceito não
acabou e a importância do Clube 28 de Setembro é gigantesca neste sentido, pois
é a prova que a comunidade negra local faz resistência há muito tempo”,
completou.
Segundo o diretor jurídico do Clube 28 de Setembro,
Dr. Eginaldo Honório, o registro consagra o clube enquanto santuário da
resistência negra. “O registro no livro de lugares marca a importância desta
entidade, pois aqui as paredes falam, o chão registra os paços de homens e
mulheres que construíram este clube para favorecer os negros e negras recém
libertos”, afirma.
Política
de Preservação do Patrimônio Cultural
Foi no atual governo que a Secretaria de Cultura, na
gestão de Tércio Marinho, na qual a Diretoria de Patrimônio Histórico e
Cultural (DPHC) foi regulamentado em 2013 e, assim, iniciou uma nova tratativa
na política de preservação do patrimônio cultural de Jundiaí, na qual o
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC) foi fortalecido e pesquisas na
área começaram acontecer.
Quem assumiu a Diretoria de Patrimônio Histórico e
Cultural, foi o historiador Donizetti Aparecido Pinto, com grande experiência
na área. “Aceitei o convite e há dois anos estamos fazendo um trabalho cujo o
principal mote é o perfil participativo, pois acreditamos que só histórico
aquilo que o povo vê valor”, observa.
A presidente do COMPAC, a professora Maria Angélica Rabelo, também participou da solenidade.
Para Tércio, a cidade respira novos ares neste tema.
“O trabalho realizado até aqui vem recebendo reconhecimento no mundo acadêmico local
e de fora de Jundiaí, pois temos aberto espaço para a discussão em eventos,
como o Simpósio sobre Patrimônio Material e Imaterial, palestras e outros, nos
quais os pesquisadores contribuem com o acúmulo que têm no assunto”, opina.
Patrimônio
Imaterial
A tratativa com os bens imateriais iniciou após a
sanção do PLC 569/2015, de autoria do vereador Rafael Purgato (PCdoB), e em 19
de janeiro de 2016 o COMPAC aprovou o registro do Clube 28 de Setembro acatando
o parecer da Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural.
De acordo com o vereador, foi a resposta de uma
demanda. “Jundiaí precisava se atualizar nesse sentido e procuramos adequar a prática
municipal ao que é feito em nível nacional e fizemos uma pesquisa que procurou
ver o que era mais adequado à cidade”, explica.
Os bens imateriais são tratados em nível federal há
pouco tempo. “Procuramos atualizar a política municipal com o que é discutido
nacionalmente, o próximo passo é pensar as ações de salvaguarda que o município
irá oferecer, pois cada bem registrado merece um plano de salvaguarda
específico”, finaliza o secretário Tércio Marinho.
Foto: Prefeitura Municipal de Jundiaí