terça-feira, 19 de abril de 2011

Encontro projeta PCdoB "mais forte, de quadros e de massas"


Sob o lema “Mais vida militante para um partido do tamanho das nossas ideias”, o PCdoB realizou neste fim de semana (15, 16 e 17), em São Paulo, seu 7º Encontro Nacional sobre Questões do Partido. O destaque do último dia da programação foi a Carta Compromisso, aprovada por unanimidade pelos mais de 500 participantes, que debateram “a linha política da estruturação partidária”.

Conforme destacaram o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, e o secretário de Organização, Walter Sorrentino, o Encontro ocorreu num momento particularmente estratégico. Em franco crescimento e a menos de um ano de seu 90º aniversário, o partido se prepara para lançar uma série de candidaturas competitivas às prefeituras de capitais e cidades médias. A meta partidária é acumular forças para ter, no pleito municipal de 2012, um desempenho eleitoral superior ao de 2008.

“O Brasil precisa de um forte e potente Partido Comunista”, diz a Carta Compromisso. “A situação do país é favorável à luta dos brasileiros e a situação do PCdoB é propícia para alcançar 500 mil membros até o 13º Congresso, aumentar sua força eleitoral e de massas e lutar em melhores condições pelo caminho proposto por seu Programa Socialista”. De acordo com o documento, o PCdoB deve se firmar e ampliar como “um partido forte e temperado no país, de caráter revolucionário, de quadros e de massas, de militantes e filiados”.

O texto ressalta também a necessidade de “intensificar os esforços para dotar o partido de um mais sólido trabalho de direção em todas as esferas, nomeadamente a da esfera da organização em nível municipal”. As mudanças não visam apenas aperfeiçoar e consolidar os avanços – mas também combater debilidades atuais do PCdoB e corrigir rumos.

O documento rechaça, claramente, os “fenômenos negativos próprios da natureza da luta política de classes na atualidade no Brasil, que pressionam pelo rebaixamento do papel estratégico do Partido Comunista”. E agrega: “Com diversas conotações de natureza objetiva e subjetiva, expressam-se na perda de objetivos de fundo da luta pela acumulação de forças de sentido estratégico, no esmaecimento da identidade comunista ou relaxamento dos vínculos com o povo e suas lutas, na prevalência ocasional de objetivos pessoais”.

“Não pensem que a Carta Compromisso é uma resolução para o futuro”, afirmou o presidente do PCdoB, no encerramento do encontro. “Se miramos um partido com prefeitos eleitos já em 2012, é preciso aplicar esse documento de imediato, agora. Precisamos fortalecer o partido desde as bases, com enraizamento da militância, valorização dos quadros e influência na sociedade.”

Renato enfatizou que os dirigentes partidários – nacionais, intermediários ou de base – não podem perder de vista que “a organização se articula com a política, com a realidade”. É por isso que, diante das perspectivas, o foco do crescimento partidário é a filiação de lideranças de massas, a exemplo do cantor Netinho de Paula, hoje vereador pelo PCdoB em São Paulo.

“É um erro – e um sectarismo – achar que temos de filiar só comunistas formados. Se uma liderança vem para o partido, cabe-nos dirigi-la, poli-la”, diz Renato. Segundo a Carta Compromisso, “a expansão das fileiras partidárias” não pode provocar um “crescente hiato organizativo na vida militante, no espírito e comprometimento”. E vida militante, diz o texto, é um “fator da força organizada do PCdoB e diferencial partidário dos comunistas entre todos os partidos políticos do país”.

Já Walter Sorrentino enalteceu o conjunto de “opiniões de qualidade” que ajudaram a construir o Encontro sobre Questões do Partido. Os debates do Encontro reuniram dirigentes egressos de 25 estados e do Distrito Federal – especialmente secretários políticos e de Organização, nos níveis nacional, estadual e municipal. Houve mais de 70 intervenções ao longo de três dias.

“A Carta Compromisso dará condições de aplicar melhor a Política de Quadros aprovada em nosso 12º Congresso (2009)”, esclareceu Sorrentino. A redação final do documento terá ajustes, decorrentes das emendas também aprovadas no Encontro. Nada que altere seu sentido fundamental. Para ter caráter deliberativo, o texto será apreciado, agora, no Comitê Central.


De São Paulo,
André Cintra

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