quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Marighella é lembrado como herói nos 40 anos de sua morte

.
Morto pelas forças repressoras numa emboscada no dia 4 de novembro de 1969 em São Paulo, Carlos Marighella, ex-guerilheiro e fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), teve os 40 anos da sua morte lembrados em todo país. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o chamou de herói nesta terça (3) em Olinda, o ex-deputado comunista constituinte em 1946 recebeu homenagem no plenário da Câmara dos Deputados.

Autor do livro “Carlos Marighella: o Inimigo Número Um da Ditadura Militar” (Editora Casa Amarela- 2004, SP, 244 pp), o deputado Emiliano José (PT-BA) usou os 30 minutos reservados ao grande expediente da Casa para ler um manifesto em homenagem ao guerrilheiro, documento encabeçado pelo intelectual brasileiro Antonio Candido e assinado por outros intelectuais e trabalhadores.

Nele, o deputado diz que é preciso enfrentar as forças reacionárias e conservadoras que defendem como legítima uma lei de auto-anistia que a ditadura impôs, em 1979, sob chantagens e ameaças.

“Sentindo-se ameaçadas, estas forças renegam as serenas formulações e sentenças da ONU e da OEA indicando que as torturas constituem crime contra a própria humanidade, não sendo passíveis de anistia, indulto ou prescrição. E se esforçam para encobrir que, no preâmbulo da Declaração Universal que a ONU formulou, em 10 de dezembro de 1948, está reafirmado com todas as letras o direito dos povos recorrerem à rebelião contra a tirania e a opressão”, leu o deputado.

O documento destaca ainda que por outros caminhos e novos calendários, abre-se a possibilidade real do nosso país realizar o sonho que custou a vida de Marighela e de inúmeros heróis da resistência. “Garantida a nossa liberdade institucional, agora precisamos conquistar a igualdade econômica e social, verdadeiros pilares da democracia”.

“Por tudo isso, celebrar a memória de Carlos Marighella, nestes 40 anos que nos separam da sua covarde execução, é reafirmar o compromisso com a marcha do Brasil e da Nuestra America rumo à realização da nossa vocação histórica para a liberdade, para a igualdade social e para a solidariedade entre os povos”, discursou.

Comunista como Jorge Amado

O líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA), lembrou que Marighella foi um comunista como Jorge Amado e “tantos outros”. Disse que na Câmara o ex-guerrilheiro foi um firme defensor das melhoras causas e pagou por tudo isso com o próprio mandato, “mas não arriou jamais a bandeira, suas convicções”.

“Foi assim no período da ditadura militar, em que, na clandestinidade, organizou o nosso povo, a nossa juventude e os trabalhadores, acreditando que um dia poderíamos ter um espaço mais democrático, uma sociedade com maior liberdade para construir isso que começamos a construir agora”, disse.

“Não fossem a coragem e a disposição de colocar a própria vida em jogo, não chegaríamos ao regime democrático de hoje. Queríamos avançar muito mais, porém não conseguimos. Se isso não acontecesse, fico pensando como seria este país hoje. Como chegaria ao poder um operário? Como gente popular estaria nesta Casa?”, disse Chico Lopes (PCdoB-CE).

O deputado José Genoíno (PT-SP) lembrou do resgate feito pelo colega de bancada sobre a memória da esquerda no país ao publicar dois livros importantes para o estudo, compreensão e análise sobre Marighella e o Capitão Lamarca.

Pedro Wilson (PT-GO) aproveitou para homenagear Marighella com uma poesia feita pelo poeta Juscelino Mendes: “Há um olhar lá da costa / Que se põe em mim e roga:/ Um sentir sem temporais.../E de ondas secretas / Terra em transe: Guerrilha/ Urbana, Ana! Emboscada na alameda/ Casa Branca manchada de sangue/ Atiraram nas Letras Nacionais /Naquele novembro de quatro/ E entregue à Casa Branca!”

Da Sucursal de Brasília,
Iram Alfaia

2 comentários:

  1. Camaradas é sempre muito importante estas reportagens neste blog a fim de buscarmos esclarecer sempre, através da história, a importância política dos que lutaram pelo ideal socialista neste país, assim como também divulgarmos em um sentido de formação política e democrática aos que pouco sabem de nossa história e se iludem facilmente por notícias propagandísticas da elite burguesa nacional.
    Abraço a todos os camaradas.

    ResponderExcluir
  2. Sinto-me honrado em ter um poema meu citado em homenagem tão justa a um dos brasileiros mais importantes para a democracia que hoje desfrutamos, meu conterrâneo Carlos Marighella.

    Um abraço!

    Juscelino Mendes

    ResponderExcluir